Pep Guardiola nunca tem grandes problemas na hora de elogiar os jogadores que lhe enchem as medidas. Fê-lo no Barcelona, fê-lo no Bayern Munique e continua a fazê-lo no Manchester City, onde já teve a fase em que se desfez em elogios a Bernardo Silva, a fase em que se desfez em elogios a Rúben Dias e onde está a atravessar a fase em que se desfaz em elogios a João Cancelo.
“Atualmente, o João está a jogar como o Philipp Lahm estava a jogar quando eu estava no Bayern Munique. O Lahm é o melhor jogador que já vi na vida a mexer-se de forma interior, de lateral para um médio de posse. O João tem a qualidade para fazer isso. A posição natural dele é à direita mas consegue jogar dos dois lados, sem problema. Sabe jogar de forma perfeita com qualquer pé. E tem uma qualidade enorme: podia jogar futebol 24 por dia, adora. Quando encontras um jogador assim, como o Mahrez ou o Phil Foden, tens um diamante nas mãos. Olho para eles como miúdos a jogar na rua, como se tivessem oito ou nove anos. É por isso que o João tem sido tão consistente, porque se diverte. É a coisa mais importante da vida dele”, explicou o treinador espanhol na antevisão da receção deste domingo ao Everton.
Man City have won their last 7️⃣ #PL meetings with Everton, scoring 21 and conceding just five times ????#MCIEVE | @ManCity pic.twitter.com/AUlCRNq5pJ
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O Manchester City fazia o primeiro jogo depois dos compromissos das seleções e, apesar de na última jornada da Premier League ter derrotado o Manchester United sem grande dificuldade, havia perdido o último encontro no Etihad, com o Crystal Palace. A entrar em campo já depois de Chelsea e Liverpool, os citizens precisavam de uma vitória para voltar ao segundo lugar da Premier League e ficar a três pontos da liderança da equipa de Thomas Tuchel. Além de tudo isso, o conjunto de Guardiola enfrentava os toffees de Rafa Benítez três dias antes do decisivo encontro com o PSG, para a Liga dos Campeões, que pode valer a liderança do Grupo A. E o treinador espanhol não se esquecia disso na hora de montar o onze inicial.
Com João Cancelo (à esquerda) e Bernardo titulares, Rúben Dias era poupado e começava no banco, com John Stones e Laporta a formarem a dupla do eixo defensivo. Rodri e Gündoğan surgiam no meio-campo e Sterling e Foden completavam o trio ofensivo com o jovem Cole Palmer, sendo que Gabriel Jesus e Mahrez eram suplentes. Do outro lado, os destaques naturais eram os ingleses Demarai Grey e Townsend, que apareciam no apoio mais direto a Richarlison.
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A primeira parte desenrolou-se com a óbvia superioridade do Manchester City mas, apesar de a equipa de Guardiola ter criado várias oportunidades, o golo só apareceu já mesmo à beira do intervalo. Foden teve a primeira ocasião para abrir o marcador, ao cabecear por cima depois de um cruzamento de Sterling (11′), e a dupla voltou a causar perigo quando inverteu os papéis para voltar a registar um cabeceamento demasiado alto (27′). Bernardo forçou Pickford a uma boa defesa (28′), Palmer e Sterling também viram o internacional inglês evitar o primeiro golo do jogo (30′) e, pouco depois, o VAR ainda anulou uma grande penalidade de Keane sobre Sterling que tinha sido inicialmente assinala pelo árbitro da partida. Pelo meio, o Everton perdeu Demarai Gray, que se lesionou e teve de ser substituído por Iwobi.
O golo que fez a diferença ao intervalo surgiu já perto dos descontos. João Cancelo, com um passe brilhante com a parte exterior do pé, abriu a defesa do Everton e soltou Sterling, que na grande área e entre os defesas adversários atirou um pontapé de primeira para abrir o marcador (44′). Até ao intervalo, Ederson ainda foi forçado à primeira intervenção mais atenta, graças a um remate de Townsend (45+4′), mas o City foi mesmo para o intervalo a vencer pela margem mínima.
Na segunda parte, contudo, os citizens inverteram a lógica e só precisaram de 10 minutos para aumentar a vantagem. Na insistência depois de um lance pela esquerda que a defesa do Everton afastou, Rodri apareceu em posição central e atirou um pontapé fortíssimo de fora de área que não deu hipótese a Pickford (55′). Logo depois, Guardiola trocou Foden por Mahrez e o argelino até ficou perto do terceiro golo, atirando ao lado depois de uma combinação entre Palmer e Cancelo (60′). O Manchester City começou a gerir a vantagem na última meia-hora, até porque os toffees não conseguiam criar grandes calafrios, e iam rendilhando a posse de bola sem grande pressa nem urgência. Sterling teve uma oportunidade gigantesca para bisar a menos de 15 minutos do fim, depois de um cruzamento de Kyle Walker na direita, mas atrapalhou-se na cara de Pickford e permitiu a defesa do guarda-redes (78′).
Até ao fim, Bernardo ainda teve tempo para inscrever o próprio nome na ficha de jogo e tornar-se o melhor marcador do City na liga inglesa: tudo começou em Cancelo na esquerda, Gündoğan conduziu pelo corredor central e combinou com Palmer, que beneficiou de um ressalto para assistir o português, que não falhou na cara de Pickford (86′). O Manchester City voltou a ganhar, regressou ao segundo lugar da Premier League apenas atrás do Chelsea e deu um passo importante na antecâmara da receção ao PSG — e tudo com a importância crucial de João Cancelo, o diamante que é cada vez mais o novo Philipp Lahm de Pep Guardiola.
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