José Pacheco, deputado único do Chega/Açores, continua em conversações com o Governo regional, mas está mais perto de votar a favor do orçamento e, consequentemente, de permitir que o executivo liderado por José Manuel Bolieiro não caia, mantendo vivo o acordo à direita.
Em declarações ao Observador, já depois de anunciar que dará uma “última oportunidade” ao Executivo regional, José Pacheco refere que nos últimos dias tem havido uma intensificação das negociações com os parceiros. E até já esteve reunido com Bolieiro esta semana, depois de André Ventura ter anunciado que o partido iria retirar o apoio ao governo devido às palavras de Rui Rio. O deputado açoriano acabou por salvar (por enquanto) o acordo, mas ainda não confirmou a intenção de voto no orçamento.
O deputado do Chega admite que têm existido “conversas profundas” e “reuniões de última hora” com vários responsáveis pelas negociações e explica que as “propostas de alteração parecem ser positivas”.
“Neste momento já não há questões flagrantes, já percebemos que é azul. Só estamos a perceber se é azul claro ou azul escuro”, explica, recorrendo a uma metáfora, e acrescenta: “Se não houver nenhuma surpresa o voto é positivo, se houver é negativo.”
É num “patamar muito positivo” que o Chega parte para o dia das declarações finais, mas José Pacheco conta ainda receber algumas propostas esta terça-feira para tomar uma decisão final.
“Amanhã é a altura certa para decidir e na declaração final vou revelar. A declaração do Chega ainda nem está escrita, vai ser no último parágrafo e é prematuro dizer alguma coisa já”, explica o representante do Parlamento dos Açores, enquanto assume que é “o primeiro a torcer para que o voto seja positivo”, mas atribuindo a decisão a “uma série de fatores” que não controla.
José Pacheco nota ainda que a direção do Chega está “bastante confortável” com as decisões e que tem transmitido a André Ventura o “conforto” que sente neste momento perante as negociações. “A direção está bem com a decisão, já me assegurou que, fosse ela qual fosse, iria respeitar”, garante.
Bolieiro confia que vai segurar Governo nos Açores. Decisão nas mãos de deputado do Chega
Perante este cenário de um voto quase decidido por parte do Chega, José Manuel Bolieiro, presidente do Governo regional liderado por uma coligação PSD, CDS e PPM, tem o orçamento e a continuidade do Governo regional assegurados, pelo menos até a um novo momento de confrontação.
Carlos Furtado, deputado independente eleito pelo Chega, e Nuno Barata, deputado da Iniciativa Liberal, mantêm a intenção de um voto a favor no documento, depois de terem visto várias propostas incluídas no orçamento.
Neste momento ambos estão a aguardar pequenos esclarecimentos por parte do executivo, sendo que a declaração final é esta quarta-feira, mas a ideia é de que, à partida, está tudo assegurado para um voto a favor. “No bom caminho“, assegura o deputado liberal, e “fortes probabilidades de um voto a favor”, confirma Carlos Furtado.
Um recuo ainda é possível de ambos os lados, porém esse é o cenário menos provável de todos os que estão atualmente em cima da mesa. E só acontecerá se o Governo regional não cumprir a palavra e o que prometeu aos deputados nas negociações das últimas semanas.
“A política também é feita de confiança”, nota o deputado Carlos Furtado. Aliás, sendo independente, diz até que não deve ter o voto decisivo para passar ou não o orçamento, realçando que tem a “legitimidade” que o povo lhe deu. “Não é uma situação que deva estar dependente de alguém que se representa a si mesmo.”
Já Nuno Barata tinha garantido ao Observador que o PSD se aproximou ainda mais da proposta da IL nas últimas semanas, o que viu como uma intenção de “alterar as políticas que vinham sendo seguidas até agora”.
“Eu voto com políticas, se me permitem influenciar alterações nas políticas não posso estar aqui a fazer birras e bater com o pé”, esclareceu o deputado liberal, ao admitir que foi dado ao partido “mais do que pediu” e que, a manter-se tudo como está, o voto será a favor.
Para ter luz verde, o orçamento regional precisa dos votos favoráveis de todos deputados que dão apoio ao governo: PSD, CDS, PPM, IL e Chega (o deputado que se mantém em funções e o dissidente). Caso um deles vote contra não é possível salvar o documento sem recorrer à oposição. Nesse cenário, nem uma abstenção do PAN seria suficiente.