Os guionistas do “Drive to Survive” da Netflix dificilmente poderiam ambicionar um final de temporada de 2021 como aquela a que estamos a assistir na Fórmula 1, sobretudo depois de tudo o que aconteceu neste Grande Prémio em estreia da Arábia Saudita. Entre bandeiras vermelhas, cinco chamadas de safety car (três delas virtuais), colisões que chegaram aos dois concorrentes pelo título, penalizações e autênticas “explosões” por parte dos chefes de equipa, houve mesmo um pouco de tudo. Tanto que, fazendo quase uma retrospetiva, era só uma questão de ligar as câmaras e deixar que os episódios acontecessem.

Bandeiras vermelhas, posições “regateadas”, penalizações e “explosões” nas boxes: Hamilton bate Verstappen em corrida polémica e adia título

Por isso, no final, a expectativa para perceber a opinião dos protagonistas era grande. Da parte dos pilotos, as questões até foram mais calmas; já entre os chefes, os recados foram mais que muitos, já a antecipar a luta de titãs em Abu Dhabi onde quem acabar na frente será campeão mundial da Fórmula 1.

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“Eu não percebi porque é que ele travou tanto e depois bati mas depois ele acelerou. Foi algo confuso. Eles têm muita velocidade mas estamos a fazer um grande trabalho. Isto é para toda a gente na fábrica. Foi um evento incrível. A pista é fenomenal para conduzir, dura, mas incrível”, comentou Lewis Hamilton, que conseguiu a terceira vitória seguida, em alusão à colisão com Max Verstappen a 13 volta dos final.

“Aconteceu muita coisa com a qual não concordo. Dei tudo na pista. Eu deixei-o passar, ele [Hamilton] não quis ultrapassar e tocámo-nos. Não entendi o que se passou ali. As coisas vão ser decididas em Abu Dhabi, espero que possa ser um bom fim-de-semana”, atirou o neerlandês, que foi perdendo a vantagem que tinha no Mundial apesar de três segundos lugares seguidos e está agora empatado com o britânico.

“Não penso que as coisas estejam resolvidas em definitivo neste Grande Prémio. O resultado no final e a vitória do Lewis [Hamilton] foi merecida. Podíamos estar aqui a falar de uma saída da corrida por um par de vezes devido a uma asa dianteira partida, não quero estar aqui a lavar roupa mas… Foi uma corrida espectacular mas não foi uma boa corrida. Acidente? Aquilo que a telemetria diz é que ele ia a desacelerar, depois acelerou outra vez e a seguir desacelerou de novo. O Lewis não sabia do que se estava a passar e houve uma sequência errada de mensagens. A forma de conduzir deve ser avaliada e examinada mas é difícil, muito difícil, talvez demasiado difícil. Só queremos que seja um campeonato limpo e que ganhe o melhor, se o Max foi o melhor no final fico em paz com isso. É só preciso que seja uma corrida justa”, comentou à Sky Sports Toto Wolff, chefe da Mercedes que na altura do acidente soltou a fúria nos phones que tinha nos ouvidos mas no final acabou de sorriso largo a saudar Lewis Hamilton.

“Estamos excessivamente regulamentados e existem regras em relação à distância dos dez carros mas uma formação não é uma volta de formação se for um reinício de corrida. Parece-me que até determinado ponto acabam por existir demasiadas regras. Penso que o desporto sentiu hoje falta do Charlie Whiting [antigo diretor de corridas falecido em 2019], lamento dizer, mas tinha uma grande experiência. Aquela penalização de cinco segundos também nos fez sentir um pouco perdidos. O Lewis [Hamilton] está com excesso de velocidade, vão os dois largos, têm situações complicadas… Uma das coisas que temos falado é o ‘deixá-los correr’. E é isto que justifica a penalização? Estávamos a tentar desistir do lugar e de repente ele aparece por trás. Foi muito frustrante, muito irritante”, salientou ao mesmo canal Christian Horner, chefe da Red Bull que não parou de acenas a cabeça em sinal de discordância depois da penalização.