Será a última bandeira de xadrez para Kimi Räikkönen aquela que verá já no próximo domingo, dia 12 de dezembro, em Abu Dhabi. “Inimitável e enigmático”, como o adjetiva, provavelmente de forma acertada, o site oficial da F1, o piloto finlandês despede-se de vez da competição em que, mesmo  com um título mundial, brilhou e se tornou icónico pela condução, mas também pela atitude e maneira de estar, para alguns fria para outros característica, para Kimi apenas normal.

Quando terminar a corrida em Abu Dhabi (sim, aquela que vai decidir a brilhante e polémica luta entre Hamilton e Verstappen), o piloto de 42 anos terá acabado de cumprir, partindo do princípio que a corrida decorrerá normalmente para ele e o seu Alfa Romeo, o Grande Prémio número 349. São mais de 18 mil voltas para um dos mais experientes e mais longínquos pilotos de Fórmula 1 da história, que se prepara agora para dizer adeus, com 21 vitórias em corridas (Abu Dhabi não deverá ser “sua”) e um Mundial em 2007.

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Depois de tudo ter começado na Austrália em 2001, fecha-se um ciclo para o Iceman (“Homem de gelo”) 20 anos depois. Citado pelo site da F1, bem ao seu estilo, disse que “não mudaria uma única coisa” da sua carreira. “Mesmo que isso significasse mais vitórias e Mundiais, estou contente com o que consegui e não posso mesmo queixar-me. Estou feliz pela maneira como fiz tudo, porque de muitas, muitas formas, fiz tudo à minha maneira”, frisou ao podcast “Beyond the Grid”.

O finlandês deixou a F1 em 2009 para se dedicar a outros desportos motorizados, incluindo os ralis, acabando por regressar ao que é considerado por muitos o pináculo do desporto automóvel. Desta vez, no entanto, não é a mesma a coisa, até porque para Kimi é “infindável” a diferença de como desta vez pensa “de outra forma”. “Claro que tenho família e tenho razões para estar em casa. É um fim completamente diferente de várias formas, e noutras circunstâncias. Estou também num ponto diferente da minha vida”, frisou.

E disse ainda sobre a família e a sua vida profissional que acaba em breve: “Os meus horários afetam a minha família e tenho vontade em que chegue o dia em que não tenho nada planeado e posso fazer o que eles quiserem. Os meus filhos estão ansiosos e de certeza que vão ficar muito felizes quando eu estiver em casa. Quero estar com eles. Há muito tempo que estou a contar os dias e acho que a minha mãe está feliz, ela pergunta-me por isto há uns 15 anos”.

Räikkönen explicou ainda que a F1 “nunca foi a coisa mais importante da vida, o que poderá ser diferente para os outros”, mas a “vida lá fora sempre foi o mais importante”. “A F1 tomou a maior parte do tempo nos últimos vinte anos, mas não foi, digamos, a coisa mais importante da minha vida em muitas formas. Claro que gosto de correr e conduzir, ou não o teria feito tanto tempo, mas aprecio mais o meu próprio tempo. É mais importante do que qualquer outra coisa“, garantiu.

Sobre a popularidade que sempre teve, diz não saber explicar o porquê, mas que poderá ser por um fator muito simples: “Talvez porque sempre tenha sido eu mesmo. Teriam de pedir aos fãs para vir aqui e falar sobre isso. Não tenho uma resposta”. E, findada a carreira de piloto de F1, como gostaria de ser relembrado Kimi Räikkönen? A resposta não sai de pista… “Como eles quiserem, sabe? Não quero colocar limites em como se lembram de mim. Não me importo muito porque, como disse, tenho a sorte de ter podido fazer a maioria das coisas que quis. Da forma como me lembrarem, de uma forma boa ou má, é uma memória. E isso está bom para mim”, disse.