A Galp Energia e a Northvolt, empresa sueca fornecedora de sistemas de baterias, anunciaram uma parceria para desenvolver uma unidade de conversão de lítio. A fábrica terá uma capacidade anual de produção de até 35 mil toneladas de hidróxido com arranque comercial previsto para 2026. Tendo por base projetos industriais comparáveis, a parceria prevê investir até 700 milhões e criar 1.500 empregos diretos e indiretos.
A nova fábrica de conversão de lítio, material usado para produzir baterias elétricas, ficará em Portugal, mas os dois parceiros ainda estão a avaliar várias localizações possíveis.
“Pensamos que Portugal tem ativos e capacidades únicas para este projeto”, afirmou o presidente executivo da Galp Energia. Andy Brown destacou fatores como a garantia de que a produção industrial será sustentável, a existência energias renováveis e capacidade logística e um porto de águas profundas (Sines), para além de o país ter reservas de lítio que estão entre as maiores do mundo.
Como a Galp e o Governo fizeram as pazes à boleia do lítio depois das “asneiras” de Matosinhos
Para já, e com o objetivo de apresentar candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência, foi inscrita a refinaria de Sines como localização, mas há vários locais em avaliação ambiental e de engenharia, a sul e a norte do país. Em declarações aos jornalistas, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, apontou a região norte faz mais sentido do que a sul pela proximidade dos locais previstos para a exploração mineira em Portugal. O projeto mais avançado para exploração mineira de lítio é o da Savannah, empresa com a qual a Galp chegou a ter um memorando de entendimento que entretanto expirou, e situa-se em Boticas. No entanto, o governante sublinhou que a decisão sobre ficaria a futura unidade pertence aos investidores privados.
Projeto industrial vai exigir importação de lítio
Durante a apresentação da joint-venture Aurora, que se realizou esta terça-feira em Lisboa, o ministro do Ambiente saudou o projeto que se enquadra na estratégia do Governo para o lítio. “Não queremos explorar lítio para exportar, mas para o transformar e criar em Portugal o maior valor acrescentado possível”. A ambição tem sido a de promover em Portugal a cadeia desde a exploração da espodumena à produção de carbonato e hidróxido de lítio usados no fabrico das baterias e que exige uma unidade industrial, também chamada de refinaria.
Os responsáveis da Galp e da Northvolt adiantaram contudo que o lítio produzido em Portugal não será suficiente para a dimensão prevista da nova unidade, pelo que será necessário importar, até porque a diversificação das fontes de abastecimento é uma boa prática, sublinharam. Para além da exploração da Savannah que está à espera de luz verde ambiental, o Governo prepara o concurso para a prospeção de reservas identificadas em várias regiões de Portugal, depois de concluída a avaliação ambiental estratégica em curso.
Questionado sobre a origem da espodumena (material do qual se extrai o lítio), o presidente executivo da Northvolt, Paolo Cerruti referiu a intenção de importar de países que têm a exploração mais desenvolvida. Canadá é um dos destinos preferenciais por causa das salvaguardas ambientais e adotadas por país, mas Brasil e Austrália são outras origens possíveis. O responsável esclareceu ainda que a escolha dos fornecedores terá também em consideração a sustentabilidade e pegada ecológica associadas ao abastecimento à nova unidade cujo processo de conversão pretende utilizar energia de origem renovável em vez de gás natural.
A Northvolt é uma nova empresa com seis anos que focou a sua atividade no fornecimento de baterias sustentáveis, tendo contratos com vários construtores automóveis e três unidades de produção.