Organizações que trabalham com menores alertaram neste sábado para o impacto da migração nas crianças e jovens, quase 36 milhões da população em trânsito e uma faixa etária correspondente a metade das pessoas forçadas a abandonar as suas casas.

Segundo a organização não-governamental (ONG) Aldeas Infantiles, citada pela agência Europapress, cerca de 36 milhões de crianças foram forçadas a abandonar as suas casas em 2020 para escapar à violência, conflitos armados, pobreza e catástrofes naturais.

Segundo a mesma fonte, quase 20,5 milhões são deslocados dentro dos seus próprios países pela violência e conflitos armados, 11,8 milhões são refugiados e 1,3 milhões são requerentes de asilo, além de quase 3 milhões de crianças em todo o mundo serem deslocadas nos seus próprios países, porque as catástrofes naturais as deixaram desalojadas.

A mesma ONG alertou que durante as deslocações as crianças enfrentam um risco extremo de separação das suas famílias, perda de entes queridos, violência, fome e falta de acesso a cuidados de saúde e educação.

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Os níveis elevados de ´stress` a que estão expostos antes da partida, durante a viagem e quando chegam ao destino são também mencionados pela Aldeas Infantiles, que referiu ser um fator acrescido para afetar a saúde mental das crianças e jovens, a que se pode somar a separação familiar.

Para a organização, que atua em Espanha, mas também em diferentes países de África, América Latina, Europa, Ásia e Médio Oriente, o respeito pelos direitos fundamentais das crianças deslocadas “não pode ser objeto de negociação”.

Uma outra ONG, a Plan Internacional, alerta que as crianças e adolescentes representam quase metade (42%) das pessoas no mundo obrigadas a abandonar os seus lares, apesar de serem 30% da população mundial.

A Plan International fez um especial apelo para a defesa dos direitos das raparigas migrantes e refugiadas e das mulheres jovens, devido a riscos que enfrentam relacionados com violência sexual e baseada no género ou casamento infantil.

“É por isso que, na Plan International, acreditamos que as políticas de migração devem ter um enfoque no género orientado, entre outras coisas, para a proteção e bem-estar das raparigas migrantes”, preconizou a diretora-geral da Plan International, Concha López, que exige um firme compromisso de toda a comunidade internacional e a definição de políticas públicas eficazes, com recursos suficientes, para garantir o cumprimento dos tratados internacionais.

Na data em que se assinala o Dia Internacional dos Migrantes, a ONG acentuou existirem 281 milhões de pessoas em todo o mundo a viverem atualmente fora do país onde nasceram e sublinhou que uma em cada 95 pessoas é um refugiado, deslocado interno ou requerente de asilo.