Sem Jesus, havia Deus. Na ausência do treinador principal, o treinador adjunto do Benfica assumia a liderança da equipa contra o FC Porto, no Dragão, num Clássico que valia a continuidade na Taça de Portugal, um dos objetivos claros da temporada encarnada. Na antevisão, João de Deus falou em “impor um jogo”, “ter sucesso” e “vencer” — mas nada disso foi da teoria à realidade.
Acorda Jesus, está na hora do Vitinha (a crónica do FC Porto-Benfica)
O Benfica perdeu de forma clara com o FC Porto, mesmo tendo passado toda a segunda parte em superioridade numérica depois da expulsão de Evanilson, e foi eliminado da Taça de Portugal ainda nos oitavos de final com a primeira derrota da época nas competições nacionais. Em dezembro, os encarnados já deixaram fugir um dos objetivos claros para a temporada e têm apenas uma semana para recuperar e voltar a defrontar os dragões na próxima quinta-feira — num encontro que pode ser decisivo nas contas do Campeonato.
A lista de registos negativos é longa: desde 1958/59 que não se marcava um golo no primeiro minuto do Clássico entre FC Porto e Benfica; desde 2010/11 que o FC Porto não ia para o intervalo a vencer o Benfica por três golos; nunca o FC Porto tinha chegado ao fim do primeiro quarto de hora a vencer o Benfica por dois golos; o Benfica sofreu duas derrotas pesadas contra Sporting e FC Porto em menos de um mês; e esta foi a pior prestação do Benfica na Taça de Portugal desde 2017/18.
Benfica eliminado nos oitavos de final da Taça ????????: pior prestação dos encarnados na prova desde 2017/18
⚠Nos últimos 25 anos, o Benfica só venceu a Taça por 3 vezes (2004, 2014 e 2017) pic.twitter.com/stfD8ZZ1x6
— Playmaker (@playmaker_PT) December 23, 2021
Na flash interview, João de Deus não escondeu que a equipa “não entrou bem no jogo”. “É uma evidência. Sofremos dois golos logo a abrir, um de canto e um de lançamento lateral, momentos em que normalmente somos fortes. Infelizmente, hoje não fomos. A equipa quebrou animicamente e tivemos dificuldades para nos equilibrarmos no momento da perda da bola. O FC Porto teve algumas boas saídas e criou-nos constrangimentos. Ao intervalo retificámos, a segunda parte foi diferente, a equipa também beneficiou de ter um jogador a mais. Conseguimos instalar-nos no meio-campo mas sem ter tantas oportunidades como queríamos, também por mérito do adversário. Os primeiros minutos de jogo tiraram-nos da eliminatória”, explicou o treinador adjunto, acrescentando apenas que os jogadores estão “frustrados e tristes” e garantindo não ter “nada a dizer” sobre um eventual regresso de Jorge Jesus ao Flamengo — numa noite em que os responsáveis do clube brasileiro que estão em Portugal marcaram presença no Dragão.