Não foram muitas as entrevistas que deu ao longo de três anos e três meses, foram ainda menos a partir de meio para a frente. Ainda foram algumas as intervenções públicas ao longo de três anos e três meses, resumiram-se a quase nenhuma a partir do meio para a frente. Foram muitos os sinais de um mandato instável ao longo de três anos e três meses, esfumaram-se quase todos os sinais de instabilidade a partir do meio para a frente. Há um antes e um depois na era Frederico Varandas enquanto presidente do Sporting que, seja pela relevância, seja pelo plano temporal, está personalizado numa só figura: Rúben Amorim.
Sendo o futebol a mola real do clube, por muito que entre o eleitorado que realmente vota aquilo que se faz nas modalidades tenha o seu peso (e, além de ter sido campeão nacional em todas as modalidades menos no voleibol, ganhou títulos europeus no futsal e no hóquei em patins), basta comparar o que se passou em quase dois anos: em março de 2020, quando se estreou em Alvalade uns dias antes do confinamento inicial pela pandemia, o clube estava dividido, havia manifestações contra a Direção, o estádio estava vazio e não havia referências na equipa; agora, os leões são campeões, ganharam três troféus em 2021 e passaram pela segunda vez na história aos oitavos da Champions. De forma natural, o “jogo” acabou por mudar.
Com todos os grupos e movimentos a fazerem uma corrida contra o tempo para conseguirem cumprir todos os pressupostos previstos estatutariamente e apresentarem listas, sendo que pelo menos uma deverá ir a tempo de entrar nessa luta (Nuno Sousa), faltava sobretudo perceber o que pretende Frederico Varandas para o clube a médio e longo prazo e como analisa o ponto de partida e chegada do mandato. Essas seriam duas das questões a esclarecer numa entrevista a Rui Santos na CNN Portugal, quando o clube está a duas semanas do fecho das candidaturas a sufrágio a 5 de março e o atual líder não tinha confirmado ainda aquilo que todos sabiam e confirmaram com a recolha de assinaturas: será recandidato à liderança.
A recandidatura, a saída de Rogério Alves e o insucesso por fatores internos
“Darei algumas novidades, não serão assim tão surpreendentes… Faremos um apanhado destes quase quatro anos. Recandidatura? Não vou falar nisso agora. Momento da equipa? Estou como todos os sportinguistas, muito orgulhoso dos nossos jogadores”, referiu na chegada aos estúdios antes da entrevista. “Não foi tabu. Sou novamente candidato mas eu sou uma equipa. Isto é um cargo egoísta porque afeta muito as pessoas que estão à nossa volta. Quando decidi candidatar-me achei que iria ser presidente e que era preciso mudar o rumo. Depois, era importante não nos agarrarmos às reeleição porque tivemos de tomar medidas difíceis, pôr o dedo na ferida. 40 anos de insucesso não se explicam só com fatores externos, são fatores internos”, começou por referir Frederico Varandas no arranque da entrevista.
“Foram três anos e meio duros, muito exigentes. Queria deixar primeiro uma palavra a quem aceitou este desafio que lancei, quero agradecer porque foram de uma grande entrega. Foi mesmo duro, de assembleias complicadas, de vida pessoal e profissional complicadas. Rogério Alves, há muitos meses, disse com grande honestidade que já tinha feito o papel que tinha de fazer. São pessoas que não ganham nada, fizeram tudo pelo Sporting e isso tem desgaste pessoal e profissional. À imagem da nossa linha, em ambos os órgãos, a Assembleia Geral e o Conselho Fiscal, vão subir os vice-presidentes”, revelou a propósito da já pública saída de Rogério Alves e anunciando também a mesma situação com Baltazar Pinto. “O juiz conselheiro vai sair por uma razão: um elemento que fazia parte da Mesa da Assembleia Geral, o juiz desembargador José Tomé Carvalho, pediu autorização ao Conselho Superior de Magistratura e foi recusado”, acrescentou.
“Já tínhamos essa sensibilidade, compreendo o que leva a tomar a decisão mas estou totalmente em desacordo. João Palma, que é procurador do Ministério Público, pediu licença e aceitaram o seu pedido. É a maneira como se tem tratado mal o futebol. Tem uma importância enorme no país, o futebol e o desporto em geral, na nossa cultura. Já ouvi dizer que é um pântano, que os dirigentes são corruptos, são ladrões e pensam ‘vamos deixar’. Não posso concordar em relação ao Sporting. Algum juiz conselheiro ou algum juiz desembargador aceitava isto podendo manchar o seu nome? Estando a Justiça como está, se alguma coisa está mal nos últimos 30 ou 40 anos foi porque a Justiça não funcionou. O desporto e o futebol são tratados assim, isola-se. Se há bandidos e ladrões, vamos atuar, que sejam presos”, salientou.
O gap para os rivais, a arbitragem e o Belenenses SAD-Benfica que não se devia jogar
“Objetivos? Sou um democrata. Em 2018 tive 42% dos votos mas entre dois candidatos, eu e o Benedito, estavam quase 80%. Não me preocupo quantos candidatos serão, quero é que o Sporting ganhe. Disse há quatro anos que ia encarar como uma missão e encarei assim. Queria deixar o clube melhor do que tinha encontrado e hoje está muito, muito melhor do que em setembro de 2018. Esta missão está cumprida. O que é que me leva a recandidatar? O Sporting é a parte irracional da minha vida, sou uma pessoa muito racional que mantém sempre a cabeça fria nos momentos de decisão. O Sporting é irracional mas é um lado de paixão, de quem é desde que nasceu e festejou o primeiro Campeonato com 20 anos. Fomos uma geração persistente, sempre com as conversas do Natal, do terceiro grande… Sabe o que vejo hoje? Quando vou a caminho dessas deslocações, há milhares de sportinguistas, com muitos miúdos. Não lhes interessa quem vai ali, é o Sporting. A missão não está cumprida porque foi feito muito para diminuir o gap para os nossos adversários mas ainda não acabou. Quero terminar isso, reduzir o fosso”, explicou. “Limitação de mandatos? Se eu estiver 40 anos no Sporting é muito mau para o Sporting…”, completou.
“Tensão em Vizela? Isto é uma situação que nasce por culpa do Nuno Santos, ele é um profissional de futebol, é um grande jogador, foi decisivo para sermos campeões e sabe que vai ser insultado. Eu sou insultado, ele também. Castigado? Não, foi repreendido. Ele sabe que fez mal…”, apontou ainda.
“Gostava que continuassem a achar que o Sporting é fraco, tem pouco peso nas instituições… Até agradeço. O Sporting tem uma maneira clara e transparente e ter colaborado por lutar por um melhor futebol, íntegro, transparente e positivo. Considero, sem dúvidas, que a arbitragem está muito melhor. A herança dele [Fontelas Gomes] foi terrível. Até achei curioso há uns tempos o Vítor Pereira dizer que é sportinguista. Não tem ajudado muito recentemente. Foi um retrocesso, uma desgraça. Basta ver o caso dos emails… Todos nos lembramos como era nos anos 80 e 90 também. Ninguém sentia, nem a Federação, foi feito um trabalho muito positivo. Está a evoluir. Está perfeito? Não! Os clubes estão perfeitos? Não. O VAR tem passado por dores de crescimento. O Sporting agora é mais respeitado porque também se dá ao respeito. Não é fazer barulho, protestar para inglês ver. Nós falamos pouco, mas quando temos de falar, falamos. Em três anos e meio falei com Fontelas Gomes várias vezes e nunca critiquei um árbitro ou pedi um árbitro. Ele pode comprovar isso. Dou o meu feedback de como as coisas podem evoluir”, referiu.
“Belenenses SAD-Benfica? É uma coisa que não se vê lá fora, nos outros campeonatos. Achei que não devia ter havido jogo. Havia um regulamento mas não devia ter havido jogo e disse a quem de direito isso mesmo. É um jogo, os números ficam lá. O melhor ataque fica lá, num campeonato tão competitivo como o nosso. É um mau episódio no futebol português”, disse ainda sobre o jogo do Jamor em específico.
Ganhar a reduzir salários, as claques e Bruno de Carvalho no Big Brother
“O ponto mais alto foi ter sido campeão, sim. O mais baixo? Penso que às vezes as pessoas não percebem nem têm noção da escassez de recursos. Delineámos uma estratégia e o rumo não tem sucesso imediato. Apostámos num sucesso desportivo alicerçado na formação, onde tivemos de reduzir o investimento e a massa salarial, 18 milhões de euros. Era inevitável haver percalços desportivos num projeto desportivo que era sustentado também pela formação. Hoje é muito mais fácil contratar, mas há três anos não era. É mentira que o Sporting tenha invertido o rumo quando contratou Rúben Amorim. Quando o Sporting termina em quarto lugar, e esse foi o momento mais negativo do mandato, nesses dois anos reduzimos em dez milhões os salários do grupo Sporting. Ouvi ‘Varandas está morto, está perdido, a ver se chega até ao final do mandato’. Eu ouvia isto. Era fácil ter pegado no meu administrador Salgado Zenha e dizer para investir isto porque vamos perder. E sabe o que fizemos no ano em que fomos campeões? Ainda reduzimos mais oito milhões no grupo Sporting, no futebol e modalidades”, revelou Frederico Varandas.
“A verdade é que conseguimos ser campeões. Tenho de dar mérito ao meu treinador, ao meu diretor desportivo e aos meus jogadores. Vejo muitos comentadores dizer que o Sporting foi campeão por causa da pandemia, porque não tinha público, porque era muito inexperiente. Gostaria que se mostrasse estes dados públicos dos Relatórios e Contas dos três grandes. O Sporting é campeão nacional e em custos operacionais (salários, toda a parte operacional, tratamento da relva, viagens…) tem 91,9 milhões, contra 154,5 milhões do Benfica e 141,8 milhões do FC Porto. O Sporting foi campeão nacional com cerca de 60% dos custos operacionais do Benfica e 64% do FC Porto. O meu treinador, o meu diretor desportivo e os meus jogadores têm um mérito enorme e que nunca será suficiente elogiá-los por isto”, destacou.
“Com opiniões positivas fico sempre lisonjeado, tal como vi agora esta carta aberta de 200 notáveis, que é uma palavra que não gosto de utilizar, não acho que haja… É um adjetivo que não considero justo. Há sócios conhecidos e outros que não o são. Claro que fico sensibilizado com isso, quando ando na rua e os sportinguistas vêm agradecer-me. Em relação às sondagens, obviamente fico sensibilizado, mas não é por dizerem que fizemos um grande mandato ou mau trabalho que vamos alterar o nosso clube. É uma das qualidades da minha equipa, sermos imunes ao que se diz. O futebol é muito volátil. Sei que hoje tudo é maravilhoso, que ganhámos muitos jogos no último minuto, que muitos títulos e jogos vão ser decididos em pequenos detalhes, e que vai haver vezes que não vamos ganhar. O sucesso não é eterno, e esse é o maior desafio de uma liderança. Sei que chegará a um momento em que a bola não vai entrar e que o fulano A, B, C ou D, que foi fundamental para a conquista do título, não presta. Já perdi a ingenuidade de querer mudar o mundo mas o mundo também não me vai mudar mim. Acredito no processo e na forma como trabalhamos. Quanto mais vezes trabalharmos bem, mais perto vamos estar de vencer”, frisou, tendo como ponto de partida uma sondagem sobre se tinha feito esquecer o antecessor, Bruno de Carvalho.
“Muito se tem comentado a presença do ex-presidente Bruno de Carvalho no programa do Big Brother. Não tenho nada a ver com a vida pessoal de Bruno de Carvalho, jamais vou fazer juízos pessoais e de valor sobre quem quer que seja. É uma pessoa livre, pode entrar nos programas que quiser. Em relação ao Sporting, é um problema que os sócios do Sporting resolveram, está resolvido. Mas também deixe-me dizer algo aos sportinguistas: muitas vezes é frequente circularem vídeos do ex-presidente Bruno de Carvalho no Big Brother, a fazerem chacota… Apelo e peço aos sportinguistas para não partilharem, para não alimentarem isso. Por uma simples razão: Bruno de Carvalho foi e será sempre um ex-presidente do Sporting. E ao fazerem-no estão a fragilizar o nosso clube”, precisou sobre o líder do clube entre 2013 e 2018.
“Claques? Fui muito claro quando vencemos o Campeonato e quando discursei na Câmara com o ex-presidente Fernando Medina. O Sporting precisa da paixão de todos. Eles também já me conhecem, este mandato foi claro para perceber a nossa forma de trabalhar. Seja quem for, claques, núcleos, grupos, só existe porque existe o Sporting. Eles existem para servir o Sporting e não o contrário. Não negoceio isso. A mensagem passou. O ano em que fomos campeões, este ano, tenho visto um apoio grande, incondicional mesmo às equipas nos estádios e nos pavilhões. Não têm de gostar do presidente, mas sim das equipas do Sporting. Chegando ao ato eleitoral, têm de votar em quem quiserem”, reforçou.
Interesse em Marcus Edwards, a contratação de Amorim e o plano B que não existe
“Marcus Edwards? Não vou divulgar detalhes. O objetivo era manter o plantel que temos, seria o objetivo. Temos um departamento de scouting, que nos dá alternativas se fizeram falta. Tabata por troca, não. Completamente fora. Nunca existiu. Não vou mentir, é um jogador que interessa ao Sporting, ao nosso treinador, é interessante, mas interessava há algum tempo e não chegámos a acordo. Posso gostar muito de uma coisa mas se colocar em risco a sustentabilidade do clube, não, nunca. À data de hoje dificilmente vamos ter mexidas. Ficava contente com o plantel que temos. Se pudesse ter 70 milhões, claro que reforçaria. Tenho um treinador que além de ser ótimo é também muito solidário. É óbvio que se pudesse ter mais um central pela direita e ponta de lança, teríamos. Mas não vale a pena chorar com o que não é possível, não me agarro a isso nem um segundo”, contou também sobre o mercado de janeiro.
“Nunca liguei muito ao que se diz sobre Rúben Amorim, caso contrário nunca o teria contratado. Todos achavam que não era bom para o Sporting, agora acham que é demasiado bom para o Sporting. Foi uma jogada de antecipação, foi um momento decisivo, se não estaria num rival no final do ano, não tenho dúvidas. Benfica? Quando fechámos Amorim já havia conversações e pressão para ele não assinar pelo Sporting… Amorim dificilmente vai encontrar na grande carreira uma estrutura como esta e já lhe disse isto: um diretor desportivo como o Hugo Viana, um diretor clínico como o João Pedro Araújo, um sports scientist como Paulo Barreira que fomos buscar ao Arsenal, Francisco Tavares que fomos buscar ao Glasgow Warriors do râguebi. Se calhar há presidentes que acham que o mérito é deles, quase como se fossem dar o treino. Eu não. A função de um presidente é contratar, reunir e fazer acreditar as pessoas num projeto. O Sporting chegou a um momento, em 2020, quando pode ir buscar este treinador, tem ao seu lado uma estrutura espectacular”, começou por apontar em relação ao treinador verde e branco.
“Rúben Amorim é jovem, vai fazer 37 anos, está no primeiro ano da Champions e vai aos oitavos, é campeão e está a discutir os outros títulos. É um treinador brilhante, um homem normal, como o presidente ou os outros administradores. É um excelente líder. Amorim tem um contrato que quis assinar, até 2024, se me preocupar com Amorim tenho de me preocupar se vai haver um sismo em Lisboa. Saída? Não é uma hipótese mas não é por ser presidente… Rúben Amorim é inteligente, sabe que está a crescer, tem as condições ideias para crescer. Se calhar não vai estar dez anos no Sporting, oito, seis, quatro… Sei que assinou um contrato e está feliz. É um não assunto para nós. Ele é muito transparente. Claro que não tenho plano B. O Amorim é muito feliz no Sporting, para mim é um não assunto. Sofríamos por não ter o Amorim, agora estamos a sofrer por ter? Eu não, que não sofro nada. Preparado para o perder? É um não assunto para nós, para mim e para o treinador”, acrescentou ainda no mesmo âmbito.
Escutas, a detenção de Vieira e as possíveis alianças FC Porto-Benfica
“Acordo com FC Porto? O Sporting fez trocas apostando no valor desportivo do jogador. Fizemo-lo com o Gonçalo Esteves, um jovem de 17 anos, com o Marco Cruz, outro internacional português, ainda mais jovem, em quem acreditamos. Fizemos do ponto de vista puramente desportivo. Porque é que o FC Porto as fez, terá de lhes perguntar. O Sporting não pôs essas trocas nos resultados, no Relatório e Contas. Aliança entre FC Porto e Benfica? Não tenho nenhum sinal que haja mas não me preocupa. O Sporting tem feito o caminho sozinho, sem alianças. Estamos habituados a trilhar o nosso caminho sozinhos, muitas vezes orgulhosamente sós. Não me preocupa se existe uma aliança entre eles”, comentou.
“Situação de Vieira? O que já dizemos há anos é que defendemos transparência absoluta. Isto é uma coisa muito cara, ganhar é muito importante mas a forma como ganhamos é também importante. Pensamos que estes casos, para mim, não são novidade nenhuma. Para ninguém. Acredito que a montanha não vai parir um rato. Estas escutas, as que interessam, porque há algumas que não interessam para nada, devem dizer quem é arguido e investigar até às últimas consequências. Se estão todos sob escuta, vão aparecer do Sporting. Mas no Sporting familiares de presidentes sócios de agentes, a cobrar comissões, direitos televisivos, seguramente não haverá. Neste Sporting não existe e isso orgulha muito os sportinguistas”, garantiu Frederico Varandas, falando da operação Cartão Vermelho e das investigações ao FC Porto.
“Tenho um processo crime por ter chamado bandido a Pinto da Costa. Não tiro uma vírgula ao que disse. Disse o que todos os portugueses pensam, também é verdade que há muitos que pensam mas não se importam. Não é o meu caso, nem é o caso do Sporting. Mas é por haver tantos que não se importam, é por isso que o país está tão atrasado. É o que penso, o que os portugueses pensam, mas simplesmente… Eu tive coragem, disse o que acho, acredito num estado de direito, onde existe liberdade de expressão. Não acredito que serei condenado, mas deixe-me dizer que se for surpreendido com isso, mas guardarei ao mesmo nível das condecorações que tenho. Estamos a falar em escutas… Todos os dias aparecem agora. Já viu a gravidade das escutas em 2004? Quando temos um presidente a oferecer prostitutas a árbitros? Em algum país de primeiro mundo tem condições de continuar a ser dirigente? E se considera é porque está muito atrasado. Custa muito ver comentadores a criticar ética e a moralidade nos políticos mas depois no futebol apoiam, esquecem-se. Parece que não há valores mas para mim há em tudo”, concluiu.