O campeão olímpico do triplo salto, o português Pedro Pablo Pichardo, afirmou-se esta quinta-feira confiante de que poderá bater este ano o recorde do mundo, de 18,29 metros, e até ultrapassar o maior salto, com vento, de 18,43 metros.

Campeão olímpico e da Europa, mas de uma simplicidade e ambição desconcertantes, o português de origem cubana foi o convidado da primeira de um ciclo de conferências promovidas pela Câmara de Setúbal, no renovado Forte de Albarquel, em que, além de revelar que pretende bater o recorde do mundo do triplo, também quer ser “o atleta português mais medalhado de sempre”.

“Obviamente, nunca é fácil bater um recorde, mas eu estou a falar só pelos parâmetros que eu estou a atingir nos treinos. Acho que devo conseguir [bater o recorde do mundo do triplo salto] este ano”, disse Pedro Pablo Pichardo, na conferência Ouro Olímpico — A história de um percurso.

Os feitos de Pedro Pablo Pichardo poderão não ficar por aqui, porque o atleta mostra uma confiança inabalável e a ambição de conquistar muito mais medalhas para o país que o acolheu.

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Eu gostaria de ser o melhor atleta português de sempre. Não quero que ninguém fique chateado. Obviamente, respeito todos os atletas, que trabalham sempre para serem os melhores. No meu caso pessoal, trabalho para ser o melhor atleta de sempre, disse.

Pichardo confessa que tem “estudado um bocadinho da história do desporto português, obviamente do atletismo”, e diz saber que a atleta mais medalhada é Fernanda Ribeiro, com 12 medalhas.

“Eu já comecei com duas, faltam-me 11, porque um dos objetivos que eu tenho é ser o mais medalhado de Portugal”, frisou.

O atleta do Benfica, que reside e treina em Setúbal, considera “uma honra fazer parte do desporto português” e ter o seu nome junto aos outros medalhados de ouro num espaço que lhes é dedicado no Jamor, onde começou a treinar em 2017.

“Sempre que olhava para ali, dizia ao meu pai: um dia gostaria de estar ali também“, confessou Pedro Pablo Pichardo, que esteve cerca de uma hora à conversa com o jornalista da RTP e da Antena 1 Paulo Sérgio, perante dezenas de convidados.

Para atingir o objetivo de ser o português mais medalhado de sempre, Pichardo quer conquistar este ano os títulos de campeão do mundo em pista coberta (na Sérvia) e ao ar livre (Estados Unidos), bem como o de campeão europeu ao ar livre (Alemanha), convicto de que tem condições para atingir esses objetivos desde que não seja atraiçoado pela saúde ou qualquer lesão.

Num tom sempre muito tranquilo e descontraído, Pedro Pablo Pichardo confessou que gosta de viver na região de Setúbal e que até já gosta de peixe — salmão, robalo e douradas, principalmente estas últimas, e até já aprendeu a gostar de bacalhau. Falta-lhe ainda apreciar bem o famoso choco frito de Setúbal, ao contrário do pai, que já tomou o gosto àquela especialidade gastronómica de Setúbal.

Na conferência, no Forte de Albarquel, o novo campeão olímpico português revelou também que no momento do grande triunfo em Tóquio, o primeiro pensamento foi para os seus pais.

Eu pensei no meu pai e na minha mãe, porque nós temos passado por muita coisa para chegar até aqui. Obviamente que hoje em dia eu salto por mim, porque gosto de saltar, mas uma das coisas de que eu mais desfruto, quando salto, é ganhar, para fazer felizes o meu pai e a minha mãe. Porque eles fizeram muito para que eu chegasse aonde estou agora, disse.

Pedro Pablo Pichardo foi claro: “Sempre que eu conquisto algum título, algum reconhecimento, penso sempre neles, mais do que em mim”.

O atleta do Benfica conquistou o ouro olímpico com 17,98 metros, um novo recorde nacional, sendo que, em 28 de maio de 2015, por Cuba, saltou 18,08, menos 21 centímetros do que o recorde mundial do britânico Jonathan Edwards (18,29), datado de 1995.