O Presidente do Burkina Faso, Roch Kabore, terá sido detido esta segunda-feira por um grupo de militares, segundo a agência Reuters, no que poderá ser uma tentativa de golpe militar de Estado no país.
A informação foi transmitida à Reuters por quatro fontes ligadas às forças de segurança do país e um diplomata da África Ocidental. A detenção do Presidente aconteceu depois de vários dias de tiroteio perto da residência oficial, na capital Ouagadougou.
“O Presidente Kaboré, o chefe do parlamento (Alassane Bala Sakandé) e vários ministros estão efetivamente nas mãos de soldados” no quartel de Sangoule Lamizana, em Ouagadougou, disse à AFP uma fonte dos serviços de segurança do país, não identificada.
O Presidente Kaboré, no poder desde 2015 e reeleito em 2020 com a promessa de lutar contra os terroristas, tem vindo a ser cada vez mais contestado por uma população atormentada pela violência de vários grupos extremistas islâmicos e pela incapacidade das forças armadas do país responderem ao problema da insegurança.
Vários quartéis no Burkina Faso foram este domingo palco de motins de militares, que exigiram a substituição das chefias militares e os “meios apropriados” para combater os grupos terroristas, que atacam o país desde 2015.
O Governo do Burkina Faso negou no domingo que estivesse a decorrer um golpe de Estado por parte do exército daquele país, mas confirmou que se ouviram tiros em vários quartéis.
Num comunicado de imprensa, o porta-voz do Governo do Burkina Faso, Alkassoum Maïga, pediu calma à população e ressaltou a sua confiança nas Forças Armadas do país.
“Algumas informações nas redes sociais tendem a fazer-nos acreditar numa tomada de poder pelo Exército neste dia 23 de janeiro de 2022. O Governo, embora reconhecendo a autenticidade de [que houve] tiros em determinados quartéis, nega essa informação e apela à população para ficar calma”, dizia o texto, citado pelas agências de notícias EFE e AFP.
A declaração foi emitida depois de vários meios de comunicação locais terem divulgado informações sobre tiros ouvidos em quartéis militares nas zonas de Ouagadougou e na cidade de Kaya.
Os movimentos nos quartéis verificam-se numa altura em que se têm registado manifestações contra a impotência das autoridades para lidar com a violência terrorista que assola o Burkina Faso.
Este sábado, registaram-se incidentes em Ouagadougou e outras cidades do país, que envolveram as autoridades policiais e populares que desafiaram a proibição de realizarem protestos não autorizados contra a insegurança.
O Burkina Faso atravessa, desde 2015, uma espiral de violência atribuída a grupos terroristas armados. Os ataques contra civis e soldados são cada vez mais frequentes e concentrados principalmente no norte e leste do país. A insegurança no Burkina Faso já provocou 1,5 milhões de deslocados, de acordo com os dados do Governo.