O presidente da cimeira climática COP26, Alok Sharma, rejeitou esta segunda-feira que o aumento dos preços da energia ponha em causa a aposta nas renováveis para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e combater as alterações climáticas.

“Há uma certa confusão sobre o que está a acontecer em termos de preços do gás atualmente e o que isso significa em termos de neutralidade carbónica. Devo dizer que não acredito que os dois estejam relacionados”, afirmou o político britânico, numa palestra promovia pelo centro de estudos Chatham House.

Atribuindo a subida em cerca de 400% dos preços do gás natural desde o ano passado a “uma combinação de [fatores de] macroeconomia e geopolítica“, rejeitou argumentos, incluindo de membros do Partido Conservador, de que o Reino Unido deve continuar a investir na exploração de combustíveis fósseis para manter os preços baixos.

Na sua opinião, “o que está a acontecer em termos de preços do gás não é uma razão para parar o movimento em direção à energia limpa e à neutralidade carbónica. Na verdade, deve fornecer um estímulo para que os países façam mais nessa direção”, defendeu.

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“Se quisermos ter segurança de abastecimento no mercado interno e manter os preços baixos e cortar as emissões, (…) então o que precisamos é continuar a investir nas energias renováveis“, disse Alok Sharma.

O Reino Unido é um dos países com maior capacidade de eletricidade a partir de energia eólica, tendo como objetivo atingir aumentar para 40 gigawatts em 2030.

Porém, Sharma também admitiu que é preciso garantir um abastecimento de base, o qual o Governo britânico pretende ir buscar, em parte, à energia nuclear, na qual está a investir através de centrais nucleares tradicionais e “míni-reatores”.

Embora as conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas tenham exortado os países a acelerar as suas metas para atingirem a neutralidade carbónica, reduzindo o uso de combustíveis fósseis, Sharma entende que os estados devem decidir como equilibrar as suas fontes de energia.

“Uma das coisas que me certifiquei de não fazer é ir viajar pelo mundo e dar lições às pessoas sobre qual deve ser o seu ‘mix’ de energias. Cabe a eles decidir. Mas se pudermos, devemos apoiá-los, como estamos a fazer com a África do Sul na transição do carvão para uma energia limpa, algo que os países desenvolvidos terão que fazer cada vez mais”, vincou.

A 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) decorreu em Glasgow em 2021, tendo o Reino Unido como anfitrião e presidente. O Egito será o responsável pela organização da COP27 em 2022.

Está aprovado o “Pacto do Clima de Glasgow”, com o carvão e o petróleo na mira e promessas de mais dinheiro para países pobres