O BCE abriu as portas a uma subida das taxas de juro já este ano, mais para o final de 2022, depois da última reunião na passada semana. Mas deixou para março tomadas de decisão sobre política monetária. Os mercados já antecipam subidas das taxas este ano também na Zona Euro.

E agora vem já o primeiro banqueiro central que integra o conselho do BCE a dizer isso mesmo, que o banco central da Zona Euro deve subir taxas no final do ano.

Klaas Knot, governador nos Países Baixos, declarou, numa entrevista na televisão holandesa, que o BCE deve subir as taxas este ano, alertando que a inflação na Zona Euro vai ficar ao nível dos 4% na maior parte do ano. E por isso reclama o fim do programa de compra de ativos do BCE “tão depressa quanto possível”, de forma a preparar a subida de taxas no quarto trimestre. A inflação na Zona Euro atingiu os 5,1% em janeiro, depois de ter ficado em dezembro nos 5%, o que o BCE considerou ter sido uma escalada surpreendente.

Os comentários, citados pelo Financial Times, surgem poucos dias depois da presidente do BCE, Christine Lagarde, se ter recusado a afastar novamente uma subida este ano, o que logo foi lido como possível mudança de rumo no banco central europeu. Nessa reunião declarou que o BCE vai prosseguir a sequência prevista: olhar para o programa de compra de ativos e depois para as taxas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

BCE abre portas basculantes em relação a subida de taxas. “Não seremos complacentes, mas não tomaremos decisões precipitadas”

Com as declarações de Lagarde os mercados colocaram a projeção para as taxas no final do ano terem uma subida de 50 pontos base. O que colocaria as taxas de depósito em zero por cento, pela primeira vez desde 2014.

Knot, no entanto, não vai tão longe: “Pessoalmente espero que a primeira subida aconteça no quarto trimestre do ano. Normalmente subidas as taxas em 25 pontos base. Não tenho qualquer razão para esperar que se dê um passo diferente.” Uma segunda subida aconteceria no início do próximo ano.

“Neste momento continuamos com o pé no acelerador”, declarou, em referência ao programa de compra de ativos do BCE, que, em seu entender, tem de ser terminado o mais rapidamente possível. “Isso só põe gasolina no fogo”.