“Isto significa muito para mim. Tive momentos muito difíceis na minha carreira. Os dois últimos anos foram muito difíceis, passou-me muita coisa pela cabeça durante estes dois anos. Isto significa muito para mim, é muito especial. Muito obrigado”. Após uma meia-final frente ao sueco Elias Ymer onde conseguiu aquilo que chegou a parecer estar condenado, João Sousa não aguentou as lágrimas de emoção. “Esta atmosfera foi incrível. É por isto que jogamos e gostamos de jogar ténis. Foi espectacular. Continuei a acreditar nos três match points, tentei continuar a puxar e encontrei forma de dar volta. É simplesmente inacreditável”, frisou.

Salvou três match points e foi buscar a sua vitória: João Sousa volta à final de um torneio ATP na Índia

Era preciso recuar a setembro de 2019 para ver o vimaranense chegar a uma meia-final de um torneio ATP, na altura em São Petersburgo eliminado por Borna Coric depois de um percurso onde afastou o russo Karen Khachanov (top 10 mundial). Daí para cá, mesmo entre as finais de Challengers no ano passado em Brest (derrota com o americano Brandon Nakashima) e em Helsínquia (derrota com o eslovaco Alex Molcan), pouco mais tinha conseguido. Até esta semana. A semana que mudou tudo. E foi essa viragem que fez com que chegasse à sua 11.ª final de um torneio ATP, a primeira desde a vitória no Estoril em 2018 e a 13.ª de um jogador português no circuito. Aos 32 anos, João Sousa estava de volta em busca de mais história.

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Ao longo de mais de dois anos, o português não conseguiu somar triunfos seguidos em torneios ATP. Agora, chegara à final. E nesse caminho, entre o wild card indiano Arjun Kadhe (6-7, 7-6 e 6-2) e o sueco Elias Ymer que é o 163.º do ranking (5-7, 7-6 e 7-5), vencera dois cabeças de série em Pune: o italiano Gianluca Mager, 67.º da hierarquia mundial (4-6, 6-3 e 7-6), e o alemão Daniel Altmaier, 85.º do ranking (6-2 e 6-3). Havia uma última barreira, o finlandês Emil Ruusuvuori, número 87 do circuito ATP que tinha um histórico de jogos positivo contra um João Sousa em 137.º do ranking mas motivado como nunca pelo trajeto.

“Jogámos no qualifying de Estugarda no ano passado. Vai ser um encontro difícil. Vou tentar recuperar o máximo possível para dar luta amanhã [domingo] e para que as pessoas aqui possam aproveitar”, tinha prometido na antecâmara do jogo decisivo. Prometeu e cumpriu, com o melhor encontro do torneio.

Com um atraso de meia hora em relação ao previsto, o encontro começou de forma regular e com ambos os jogadores a aguentarem os seus jogos sem grandes problemas com percentagens elevadas de primeiro serviço que iam fazendo a diferença. João Sousa ainda teve um ponto de break no quinto jogo mas Ruusuvuori fez mesmo o 3-2 antes do primeiro de dois momentos que fizeram toda a diferença no primeiro set: o contra break ao finlandês depois do 5-3 que levou as decisões para o tie break e o sangue frio nas decisões ao longo de 20 pontos que tiveram três set points para o português e um para o nórdico até ao 11-9 final.

João Sousa estava confiante, sentia também o apoio que vinha das bancadas com adeptos indianos a terem cinco folhas cada uma com uma letra com o seu nome e sobretudo manteve-se focado no que tinha ainda de alcançar e não no que alcançara. Foi isso que lhe permitiu ganhar o primeiro jogo de serviço mesmo com um challenge do finlandês ganho pelo meio, foi isso que lhe permitiu fazer logo a abrir um break confirmado pelo 3-0 no seu jogo de serviço. O português dava tudo em todas as bolas mas um jogo de serviço com dois erros de direita recolocou Ruusuvuori de novo na luta, fazendo o 4-3, ganhando o 4-4 e conseguindo três pontos de break no nono jogo que fez mesmo o 5-4 que decidiu o segundo set para o finlandês (6-4).

Até em termos mentais, o encontro tinha virado mas foi aqui que apareceu a melhor versão do Conquistador como há muito não se via: João Sousa conseguiu fazer dois breaks logo a abrir, tirou por completo toda a vantagem que o finlandês tinha conseguido, colocou o público indiano de novo do seu lado a comemorar os pontos como se fosse um jogador local e fechou o terceiro set sem hipóteses com um 6-1.