Foi um dos melhores jogadores da sua geração, ganhou tudo o que havia para ganhar em Amesterdão antes das passagens por Arsenal e Barcelona, representou a Laranja Mecânica que chegou às meias do Mundial de 1998 e dos Europeus de 2000 e 2004. Mas não ficou por aí fora dos relvados e, depois de ter sido acionista do Go Ahead Eagles, onde terminou a carreira, chegou a diretor de futebol do Ajax em 2012 e esteve nomeado para vários prémios internacionais pelo trabalho feito no campeão neerlandês. Agora foi demitido, apesar de ter colocado o lugar à disposição, naquilo que é um escândalo que está a abalar o futebol do Ajax.

O antigo extremo foi acusado por várias funcionárias do clube de enviar “mensagens inapropriadas”, numa história que o próprio acabou por confirmar inicialmente numa investigação interna e que mais tarde veio assumir em termos públicos, pedindo desculpa a todos os intervenientes pelo seu comportamento.

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“Estou envergonhado. Na semana passada, fui confrontado com relatos sobre o meu comportamento no clube e como isso teve repercussão nos outros. Infelizmente, não tive a noção que estava a pisar o risco mas agora percebo que o meu comportamento era inaceitável. De repente, senti uma pressão enorme. Peço desculpa. Certamente, para alguém na minha posição, este tipo de comportamento é inaceitável. Agora também consigo ver isso. Mas já é tarde demais. Não vejo outra opção a não ser deixar o Ajax. Tudo isto também teve um grande impacto na minha vida privada. É por isso que peço a todos que deixem a minha família em paz”, assumiu o agora antigo diretor do futebol do conjunto de Amesterdão.

“Esta é uma situação dramática para todos os envolvidos de alguma forma. É devastador para as mulheres que tiveram que lidar com o comportamento. Quando ouvimos a notícia, agimos imediatamente, deliberando cuidadosamente e ponderando qual era a melhor coisa a fazer, tudo em consulta com o CEO Edwin van der Sar e auxiliado por um especialista externo. O Marc [Overmars] é provavelmente o melhor diretor de futebol que o Ajax teve. Atualizámos e aumentámos o seu contrato por algum motivo. Mas, infelizmente, ele realmente passou dos limites, então continuar como diretor não era uma opção, até ele reconheceu isso. É extremamente doloroso para todos”, salientou Leen Meijaard, presidente do Conselho de Supervisão dos lanceiros que explicou também o papel na decisão do antigo guarda-redes e hoje CEO.

“Considero a situação terrível para todos e concordo com as palavras de Leen Meijaard. No cargo que ocupo, também me sinto responsável por ajudar os meus colegas. Um desporto seguro e bom ambiente de trabalho é muito importante. Iremos prestar ainda mais atenção a tudo no futuro. O Marc [Overmars] e eu jogámos juntos desde o início dos anos 90, primeiro no Ajax e depois na seleção nacional, e somos companheiros na gestão do Ajax há quase dez anos. Isso chegou agora ao fim de forma abrupta. Estamos a trabalhar em coisas fantásticas no clube e por isso esta notícia será também um golpe para todos aqueles que gostam do Ajax”, destacou Edwin van der Sar, outro dos expoentes máximos dessa geração de ouro do Ajax e hoje CEO.