Isabel Bapalpeme é natural da Guiné-Bissau e chegou a Portugal em 2014 para tratar problemas de saúde que entretanto se agravaram bastante. Com 29 anos, precisa da ajuda da mãe que tenta há quatro anos obter um visto para vir ter com a filha, noticia o Público.

Ao Observador, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) explicou que a mãe da jovem foi convocada para comparecer esta segunda-feira, dia 7 de fevereiro, na embaixada portuguesa na Guiné-Bissau, com a finalidade de tratar do seu visto. Uma situação que só se desbloqueou depois de uma campanha de solidariedade lançada nas redes sociais e de o caso ter sido noticiado pelo jornal Expresso.

A mãe, Sábado Bapalpeme, vive na Guiné-Bissau, tem mais dois filhos menores, e tenta desde 2019 obter visto para viajar para Portugal, mas ainda não conseguiu. O Ministério dos Negócios Estrangeiros justificou a demora ao Público explicando que, uma vez que no “processo apresentado em 2019 para o pedido de visto Schengen não constava nem morada postal, nem endereço eletrónico, começou por ser difícil à embaixada contactá-la”. No entanto, a médica que acompanha Isabel diz que enviou relatórios para a embaixada em 2018.

A jovem chegou a Portugal com 21 anos e 21 quilos, transferida ao abrigo do programa de cooperação internacional para a saúde patrocinado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Aos 15 anos, quando vivia numa zona rural remota da Guiné-Bissau, teve uma tuberculose que não foi devidamente tratada. Em Lisboa, foi primeiro internada no Hospital Pulido Valente, em Lisboa. Teve alta e começou a ser seguida pela equipa de transplantação do Hospital de Santa Marta há quatro anos. A situação clínica agravou-se, pelo que necessita de ajuda da mãe perto de si para a ajudar. Até porque o apoio familiar é uma das condições para as probabilidades de sucesso deste tipo de cirurgia.

A médica pneumologista Ana Cysneiros recebeu Isabel quando esta chegou a Portugal e tem-lhe dado apoio desde então. Explica que a doente “tem o pulmão direito completamente destruído e tem o esquerdo com muitas sequelas. Tem uma função pulmonar muito comprometida” e uma grande necessidade de oxigénio, diz ao Público.

A jovem aguarda por um transplante de pulmão desde 2014. Vive no Barreiro, sozinha numa casa onde só existia uma cadeira de cozinha até ter nascido uma onda de solidariedade que se espalhou pelas redes sociais e arranjou um sofá cama, mesa e cadeiras, um aspirador e outros objetos necessários.  Carmen Garcia, autora do blog “A Mãe Imperfeita” e do perfil “A enfermeira imperfeita” no Twitter, deu um impulso à campanha que procurou conseguir o dinheiro — 3.455 euros — necessário para pagar as viagens da mãe e dos irmãos de Isabel para Portugal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR