Rui Rio reagiu à absolvição do secretário-geral do PSD, José Silvano, através do Twitter, lamentando o facto de os dois secretários-gerais que teve durante o mandato (José Silvano e Feliciano Barreiras Duarte) terem sido condenados na praça pública por processos em que acabaram absolvidos em tribunal.

No dia da absolvição de Silvano, o líder do PSD fez questão de lembrar também o seu primeiro secretário-geral, que foi afastado após ter apresentado no currículo que era doutorando na Universidade de Berkley sem nunca ter estado nessa instituição. “Tive dois Secretários Gerais. Ambos foram condenados na praça pública e absolvidos em tribunal. Ambos viram os seus processos de lana-caprina arrastados três anos para gáudio de políticos e comentadores”, escreveu Rui Rio. O presidente do PSD aproveitou igualmente para voltar a criticar a justiça: “Entre acreditar neles ou no Ministério Público, acreditei neles. Obviamente!”

Horas antes, o secretário-geral do PSD, José Silvano, sugeriu que houve motivações políticas em várias etapas do processo em que foi acusado de dois crimes de falsidade informática no caso das presenças-fantasma no Parlamento. Após saber da absolvição Silvano lembrou que a “última acusação feita pelo Ministério Público, foi nos 10 dias de campanha eleitoral,  numa ação em Lisboa.” E acrescenta: “Pena de não ser antes de dia 30 [de janeiro]”, a data das legislativas. Para depois deixar no ar a sugestão: “Não vou dizer que é uma coincidência…”

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“Presenças fantasma”: José Silvano e Emília Cerqueira absolvidos

O secretário-geral de Rui Rio admite que a influência que o caso pode ter tido no resultado eleitoral “é toda relativa”, mas considera que o processo “foi aproveitado durante três anos e meio para prejudicar o secretário-geral, mas também o PSD”. “Serviu de arma de arremesso também em termos políticos”, acusa.

Para Silvano, esta absolvição — segundo a interpretação que faz do acórdão — prova que a sua palavra é “honrada” e que o assunto não fica resolvido apenas em “termos legais”, mas também em “termos éticos”. E disparou contra a justiça: “O que Rui Rio queria dizer com julgamentos de tabacaria.” E também contra a imprensa: “Tudo o que lhes dá origem são as pressões públicas da comunicação social.”

José Silvano não refere, porém, os factos iniciais (não desmentidos pelo tribunal) das peças jornalísticas sobre o assunto: que estava a centenas de quilómetros de distância à mesma hora que lhe foi marcada presença no plenário, assim devidamente registada no site do Parlamento (e que mais tarde mandou anular). O Ministério Público acreditava, aliás, que Emília Cerqueira — que levou ao registo da presença ao fazer login no computador de José Silvano — o fez de forma propositada e que o ato resultava de uma combinação de ambos. Já a juíza considerou que isso não ficou provado pelo MP e que a justificação dos visados (de que Emília Cerqueira foi apenas aceder a documentos no computador de José Silvano) é uma “explicação inteiramente plausível”.

Numa conferência de imprensa na sede do PSD, José Silvano fez questão também de deixar uma “palavra especial para o líder Rui Rio”, que “contra tudo e contra todos segurou o seu secretário-geral” e acredita que “com qualquer outro líder, não teria continuado a ser secretário-geral”.

O secretário-geral do PSD destaca ainda que o tribunal deu como provado que nunca mandou “registar a ninguém nenhuma presença” e que não recebeu “qualquer tostão com as presenças”. E termina ao dizer: “Para um transmontano, o mais importante é sair com a minha palavra era honrada.”

Artigo atualizado às 19h33 com reação de Rui Rio