Quase um milhão de árvores têm de ser cortadas todos os anos para abastecer o consumo de papel higiénico em Portugal — o valor exato é 931 299 árvores –, conclui um estudo da empresa de design de casas de banho QS Supplies. No fim da vida, o típico português terá usado cerca de 11 300 rolos: é o valor recorde entre todas as nacionalidades analisadas. Por exemplo, um nigeriano usa apenas três rolos durante a vida inteira.
Quando examinado o consumo de papel higiénico por pessoa a cada ano também aqui Portugal está no pódio: com 141 rolos, o norte-americano arrecada o primeiro lugar, segue-se então o português, ao contabilizar por ano 137 rolos, e a Alemanha fica na terceira posição, totalizando 134. Se estes rolos fossem convertidos em quilómetros, seriam mais de mil, valor que é superior ao comprimento do Reino Unido.
Visualizando o mapa, percebe-se que só o Reino Unido e a Bélgica se aproximam desses dados: um habitante daqueles países gasta rolos por ano capazes de percorrer 950 e 902 quilómetros, respetivamente. Já vendo o pódio ao contrário, a diferença é abismal: a Nigéria só atinge os cinco quilómetros, a Indonésia percorre 26 quilómetros e a Roménia não chega sequer aos 50 quilómetros, somando apenas 49 quilómetros.
Rumo ao continente asiático, é lá que se encontra, contudo, o país que no seu todo mais utiliza papel higiénico por ano: a China gasta mais de 4 mil milhões de milhas (cerca de 6 milhões de quilómetros), maior que a distância que separa a Terra de Neptuno, ficando bem próxima de Plutão. O Japão, a Alemanha e os Estados Unidos chegariam a Júpiter, porém na corrida espacial Portugal está mais atrás, não atingindo sequer a distância até ao Sol. E há outro dado curioso: esticado, o uso anual de papel higiénico no Reino Unido daria “combustível” suficiente para ir a Marte e regressar.
Mas, afinal, se um norte-americano gasta em média mais rolos do que um chinês, porquê que os EUA não ganham a corrida espacial? Mesmo com cada norte-americano a utilizar 141 rolos por ano e o chinês a gastar 49, a justificação está na população: a da China é quatro vezes superior à dos EUA.
Uma única (grande) árvore fornece até 1.500 rolos deste material por ano, refere o estudo. Nos EUA, tal é suficiente para 10 pessoas e, como consequência, no total mais de 31 milhões de árvores são cortadas por ano para satisfazer as necessidades de limpeza deste país. No entanto, novamente, é a China quem leva o troféu: abatem 47 milhões de árvores por ano. No ano passado as autoridades chinesas foram criticadas por instalarem tecnologia de reconhecimento facial em casas de banho públicas, com o objetivo de limitar o uso individual de papel higiénico, como noticiava na altura o South China MorningPost.
Todavia, da Austrália vêm boas notícias: num país onde cada cidadão usa 88 rolos por ano, apenas são precisas 1.5 milhões de árvores, necessitando aproximadamente de uma floresta com o tamanho do aeroporto de Sydney para dar resposta à procura deste produto.
Dados os resíduos criados e a desflorestação intensiva — que liberta mais de 26 milhões de toneladas métricas de CO2 e deixa 90% da terra estéril –, investir num bidé é a solução mais ecológica, sugere o estudo, acrescentando que estes números têm em conta que 70% da população mundial não usa papel higiénico.