O gigante alemão Deutsche Bank emitiu um relatório onde afirma que a Bitcoin pode, “potencialmente, tornar-se o ouro digital do século XXI”, porque “as pessoas sempre quiseram ter exposição a ativos não controlados por governos” – exemplo maior disso mesmo é o ouro. O ouro também é, historicamente, um ativo com valor bastante volátil, recorda o Deutsche Bank – porém, a Bitcoin e as criptoativos são muito “arriscados e demasiado voláteis para, hoje, se poderem considerar uma reserva de valor“.
No futuro, isso pode mudar, admite o relatório do Deutsche Bank – porém, a expectativa é que “no futuro próximo” a Bitcoin e as criptoativos irão continuar a ser “ultra-voláteis“. E essa volatilidade existe porque estes ativos digitais são usados sobretudo para investir e especular, porque são um mercado pouco líquido onde algumas compras ou vendas maiores podem desequilibrar o equilíbrio entre oferta e procura, e porque “o valor da Bitcoin vai continuar a subir e descer de acordo com aquilo que, em cada momento, as pessoas acham que ela vale“.
“Pequenas alterações na perceção geral dos investidores pode ter um grande impacto sobre o preço”, escreve o Deutsche Bank, referindo-se a criptoativos como a Bitcoin, a mais conhecida das criptomoedas, e o Ethereum (que o banco alemão compara à “prata digital”).
Um dos principais desafios para estes ativos é a regulação insuficiente, que “embora tenha sido uma vantagem para os primeiros utilizadores, nesta fase é um fator que impede muitos investidores e empresas de entrarem no mercado”. Por outro lado, o Deutsche Bank salienta que “a pegada ecológica das criptos é desastrosa” – “no início de 2021, o consumo anual de eletricidade associado à Bitcoin era comparável ao que gasta em eletricidade uma economia das 30 maiores a nível mundial”.
No espaço de um ano, [a Bitcoin] implica o dispêndio da mesma quantidade de eletricidade como toda a população do Paquistão”, diz o Deutsche Bank.
Porém, há fatores que ajudam a suportar as cotações. Segundo a sondagem feita pelo banco alemão, a maioria dos investidores em criptomoedas não venderia as suas “criptos” mesmo que o valor colapsasse em 80% e, além disso, um número crescente está envolvido em atividade de trading e negociação diária envolvendo estes ativos.
Há mais de um ano, em janeiro de 2021, o Observador escreveu sobre o caso de uma família holandesa que se mudou para Portugal com intenção de tornar o país um hub mundial das criptomoedas e atividades associadas – sobretudo porque Portugal é um dos poucos países onde as mais-valias com criptomoedas não são taxadas.
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