“Ninguém desiste e só há uma maneira de voltar ao caminho certo: trabalho duro, trabalho em equipa, trabalho sério. Tudo o resto é apenas barulho”. Seis jogos depois, e naquele que foi o seu primeiro golo em 2022, Cristiano Ronaldo voltou a marcar na receção ao Brighton a meio da semana e contribuiu de forma decisiva para o regresso aos triunfos do Manchester United na Premier League, promovendo o regresso dos red devils ao quarto lugar da classificação. “O golo foi muito importante, não só porque marcou mas também porque foi um grande golo. Foi importante para todos mas no geral a sua exibição foi uma das melhores desde que eu cheguei”, reforçou o técnico Ralf Rangnick. Mas nem assim a “tempestade” acalmou.

Pode demorar 47 dias e 589 minutos mas Ele volta (o jogo em que Ronaldo marcou o primeiro golo em 2022)

Primeiro, a pergunta que continua ainda a ser colocada: valeu a pena contratar o avançado? Para o antigo internacional e capitão do Liverpool Jamie Carragher, não. “A contribuição inestimável do Cristiano Ronaldo para a vitória sobre o Brighton foi outro lembrete do seu apetite incomparável pelos golos. Mas isso não altera esta realidade: o United cometeu um erro ao voltar a contratá-lo e será maior de mantê-lo na próxima época. Se o seu regresso for limitado a uma temporada, deixá-lo ir vai resolver mais problemas do que criá-los. Não é um investimento inteligente. Estou a falar desta fase da sua carreira e não a olhar de forma crítica para tudo aquilo que conquistou. Como posso criticar alguém que ganhou cinco títulos europeus e marcou mais de 800 golos? Mas se contratas o Cristiano agora, é um recrutamento que olha apenas para o curto prazo, que pretende obter apenas resultado imediatos”, destacou o agora comentador televisivo.

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Segundo, a questão da braçadeira. De acordo com a imprensa inglesa, Rangnick terá pedido a Ronaldo para ser uma espécie de tutor dos jogadores mais novos, algo que Maguire não gostou por sentir que isso iria tirar parte da sua autoridade como capitão já depois de ter mantido uma reunião em que o técnico alemão terá sugerido que podia abdicar da braçadeira para haver quase um “alívio mediático” por uma temporada menos conseguida. “Se houver alguma coisa, espero que falem cara a cara e que resolvam o problema. Isto não é o que o United precisa neste momento. O Ronaldo é um ícone, já fez tudo e quando se tem alguém assim é preciso usá-lo, pedir-lhe conselhos e ouvir o que tem a dizer. Ele lidera pelo exemplo nos treinos e na forma como joga. Faz sentido o Ronaldo ser capitão porque ele já viveu de tudo. Já o Maguire é o capitão e, mesmo tendo um ou outro jogo menos bom, não foge às suas responsabilidades. Se houver alguma coisa, eles têm de se juntar, sentar-se, falar um com o outro e resolver esta m****”, salientou o ex-avançado Berbatov.

Tudo continua a girar muito à volta de Ronaldo quando há outro português que continua a fazer a diferença no Manchester United. Que entrou de rompante no clube em meia temporada, que foi o melhor jogador da equipa na última época, que continua a marcar presença sempre que a equipa precisa. “Fui para Itália muito novo e abdiquei de muito. Não fui para a universidade e é das coisas de que sinto falta”, confessou Bruno Fernandes numa conversa com membros da Fundação do clube numa fase em que se assinalam os dois anos desde a chegada a Old Trafford. No entanto, e mesmo não tendo essa passagem académica pela faculdade, o médio continua a dar aulas em campo de como bem jogar. E voltou a fazer a diferença contra o Leeds, no jogo que confirmou a quinta temporada em que está presente em 20 ou mais golos. xxx

O encontro começou com o carismático Marcelo Bielsa de gorro sentado na habitual geleira a gostar do que via da equipa, que criou logo a primeira oportunidade nos minutos iniciais com Jack Harrison a aparecer ao segundo poste na esquerda para desviar um cruzamento ao lado. No entanto, além desse momento e de um remate de Pogba, pouco ou nada se jogou no quarto de hora inicial, entre um problema de Bruno Fernandes no joelho e o sobrolho aberto (e muito sangue) de Robert Koch após um choque com McTominay. Pouco depois, Forshaw obrigou a David de Gea a defesa apertada para a frente (22′). O Leeds estava melhor até Paul Pogba se começar a soltar mais em campo. E quem ganhou mais com isso foi Bruno Fernandes.

Num primeiro lance descaído sobre a esquerda, o francês inventou espaço com uma grande jogada individual até ao cruzamento para a pequena área onde o desvio de Ronaldo pressionado por um defesa contrário foi bem travado por Meslier (26′). Depois, mais pelo corredor central, o internacional voltou a conseguir ganhar espaço para Bruno Fernandes arriscar a meia distância para nova defesa do jovem guarda-redes do Leeds (33′). No entanto, e na sequência do canto, Maguire conseguiu ser mais forte no jogo aéreo e inaugurou o marcador, com uma celebração que foi quase um exteriorização do que se passou durante a semana (34′). E ainda haveria tempo para o 2-0 antes do intervalo, no quinto minuto de descontos, com Lindelöf a conseguir ganhar superioridade saindo com bola controlada pelo corredor central, Jadon Sancho a aparecer na direita para fazer o cruzamento e Bruno Fernandes, de cabeça na área, a atirar picado para o 2-0 (45+5′).

Em quatro jogos frente ao Leeds, o internacional português marcou seis golos, sendo a sua principal vítima em Inglaterra. E o Manchester United até parecia ter conseguido soltar-se das amarras psicológicas que os meus resultados foram criando, com duas boas saídas a abrir com remates de Sancho e Ronaldo (este último em fora de jogo). Contudo, e em 58 segundos, tudo mudou: Rodrigo, com um cruzamento largo na esquerda que enganou De Gea, reduziu a desvantagem (53′) e Raphinha, concluindo ao segundo poste uma jogada de Daniel James, fez o 2-2 num lance validado após não ter sido sancionada uma possível falta sobre Bruno Fernandes (54′). O encontro estava de loucos, com a bola nas duas áreas, mas seria um suplente lançado na segunda parte, Fred, a concluir uma jogada iniciada por Bruno Fernandes e a fazer o 3-2 (70′). O Leeds ainda teve oportunidades para novo empate, com De Gea a travar as tentativas de Klich, mas Bruno Fernandes voltou a aparecer no jogo para fintar, assistir e dar a Elanga a possibilidade do 4-2 final (89′).