A junta no poder na Guiné-Conacri anunciou esta terça-feira que lançou uma investigação para tentar recuperar propriedades do Estado alegadamente vendidas, cinco meses depois do golpe de Estado que derrubou o presidente Alpha Condé, no poder durante 10 anos.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), que cita um documento do gabinete do procurador-geral do Tribunal de Recurso de Conacri, a investigação visa vários antigos funcionários e governantes, incluindo os antigos primeiros-ministros Cellou Dalein Diallo e Sidy Touré e o antigo presidente de transição Sekouba Konate.

Entre os alvos da investigação estão 40 pessoas por “alegados atos de compra ou venda de propriedade alheia, cumplicidade, falsificação e utilização de documentos falsos” relacionados com imóveis já construídos ou propriedades.

A principal coligação de movimentos políticos e organizações da sociedade civil da Guiné-Conacri (FNDC), juntamente com o partido de Diallo e Touré, exigiram a divulgação destes documentos, alegando “dever de transparência e responsabilidade na condução da transição”.

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Vários membros do partido e da coligação da oposição foram chamados a prestar declarações no âmbito desta investigação.

Todos os líderes políticos subscreveram a ação de recuperação de propriedade estatal, mas pediram que a justiça agisse como uma bússola, evitando que cidadãos honestos, tendo adquirido terras e edifícios pertencentes ao Estado, sejam injusta e arbitrariamente humilhados e despojados dos seus bens”, disse Diallo à imprensa depois de prestar declarações sobre este tema.

Alpha Condé fez uma nova Constituição, adotada em referendo em março de 2020, e utilizou a alteração da lei fundamental para concorrer e ganhar um terceiro mandato, apesar de meses de protestos contra a sua continuidade no poder.

A sua reeleição, em outubro de 2020, foi fortemente contestada pela oposição, e precedida e seguida de dezenas de detenções.

O coronel Mamady Doumbouya foi investido como presidente de transição a 1 de outubro de 2021. Comprometeu-se a entregar o poder a civis após as eleições, mas até agora não mencionou um prazo para esta transição.