As contas eram simples: o Sp. Braga precisava de dar a volta ao playoff de acesso aos oitavos de final da Liga Europa contra uma equipa que, em sete jogos na Liga dos Campeões, só perdeu uma vez e contra o Inter Milão. Frente ao Sheriff, na Pedreira e depois da derrota por 2-0 na primeira mão na Moldávia, os minhotos tinham de procurar o que ainda só os italianos alcançaram nesta temporada europeia para sonhar com a continuação na competição. Algo em que Carlos Carvalhal acreditava.

“Vai ser ainda mais difícil do que seria se tivéssemos empatado a zero, claro. Acreditamos que vamos passar e não são palavras de circunstância. Vamos de coração lá para dentro, fazendo de tudo para conseguir vencer e passar a eliminatória. Os jogadores terão de estar no limite, no seu melhor, e precisamos do apoio dos adeptos, que perdoem os nossos erros. Sempre que um jogador é aplaudido, sobe de rendimento. É com esse espírito positivo que vamos jogar. Que seja uma vitória de toda a gente, da equipa e da massa associativa. Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para seguirmos em frente na competição”, disse o treinador na antevisão da partida, acrescentando que a equipa teria de estar preparada “para atacar e para defender quando não tiver a bola”.

Já não é o Sheriff mas contou com uns tiros nos pés (a crónica da derrota do Sp. Braga na Moldávia no jogo 100 de Carvalhal)

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Do lado do Sheriff, contudo, a confiança era total — até pela ideia de que o Sp. Braga já não é a equipa que já foi. “Estou confiante, conheço os meus jogadores. Continuo a achar que cada equipa tem 50% de hipóteses. Respeito muito o Sp. Braga mas vamos disputar o jogo. Continuo a achar que o Sp. Braga é uma equipa forte mas, comparativamente, a equipa de há quatro anos era mais forte”, defendeu Yuriy Vernydub, treinador dos moldavos que em 2018/19, quando orientava o Zorya, eliminou os minhotos na terceira pré-eliminatória de acesso à Liga Europa.

Esta quinta-feira, depois da vitória frente ao Tondela no fim de semana, o Sp. Braga não precisou de mais do que 45 minutos para empatar a eliminatória. Iuri Medeiros abriu o marcador pouco depois do primeiro quarto de hora e na sequência de uma assistência de Ricardo Horta (17′), num lance em que os minhotos recuperaram a bola em zona adiantada, e o mesmo Horta aumentou a vantagem já perto do intervalo (43′), finalizando da melhor forma uma bonita jogada coletiva da equipa de Carlos Carvalhal. Com uma segunda parte inteira por disputar, em plena Pedreira, o Sp. Braga estava novamente dentro da eliminatória e só precisava de mais um golo para seguir para os oitavos de final da Liga Europa.

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No segundo tempo, o Sheriff fez desde logo uma substituição e trocou Yansané por Nikolov, com Carlos Carvalhal a mexer pela primeira vez já depois da hora de jogo para lançar Francisco Moura no lugar de Rodrigo Gomes. O relógio foi avançando rumo ao prolongamento, com o Sp. Braga a ter sempre muito mais bola, muito mais ataques e muito mais oportunidades, e o treinador minhoto fez all in ao tirar Medeiros, Bruno Rodrigues e André Horta para colocar Abel Ruiz, Yan Couto e Castro. Nada nem ninguém, contudo, conseguiu evitar a meia-hora extra.

No prolongamento, a lógica manteve-se. O Sp. Braga tinha o controlo total do jogo, atuava somente no meio-campo adversário mas não conseguia chegar ao golo, tendo até algumas dificuldades para criar oportunidades face ao bloqueio total que o Sheriff implementava. Os moldavos pareciam querer levar a eliminatória até às grandes penalidades, permanecendo fechados em 30 metros e saindo apenas através da transição rápida e do contra-ataque, e acabaram por conseguir. Ao fim de 210 minutos, Sp. Braga e Sheriff decidiram tudo na lotaria dos penáltis.

E aí, a competência dos minhotos falou mais alto: Ricardo Horta, Al Musrati e Francisco Moura marcaram para o Sp. Braga e Abel Ruiz e David Carmo falharam, Khalid e Thill marcaram para o Sheriff e os falhanços de Dulanto, Bruno e Radeljic foram o suficiente para levar o conjunto minhoto para os oitavos de final da Liga Europa (3-2 no fim das grandes penalidades). Carlos Carvalhal tinha pedido coração, a equipa cumpriu e deu a volta a uma eliminatória que há uma semana parecia perdida para prosseguir uma campanha europeia cujo próximo adversário será conhecido já no sorteio desta sexta-feira.