Na batalha legal entre a Nissan e Carlos Ghosn, com vários processos a decorrer em simultâneo, o construtor japonês soma mais uma derrota. Isto enquanto o seu ex-chairman abandonou o país. Baseado nas conclusões da agência financeira japonesa, o tribunal decidiu impor à Nissan, a 3 de Março deste ano, uma multa de 200 milhões de ienes, cerca de 1,6 milhões de euros, por ter mentido e escondido os valores pagos a Ghosn, então o seu chairman.

Esta é já a segunda vez em que a Nissan incorre neste tipo de penalidades, uma vez que em 2019 foi obrigada a pagar 2,4 mil milhões de ienes (cerca de 20 milhões de euros) por ter apresentado declarações falsas em relação ao que pagou a Ghosn.

Nissan multada em 20 milhões de euros pelo caso Ghosn

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para complicar ainda mais a situação da Nissan, no momento em que Ghosn estava preso a aguardar julgamento por receber, enquanto chairman, quantias não declaradas na totalidade, o seu CEO, o japonês Hiroto Saikawa, admitia igualmente ter recebido dezenas de milhões de ienes não declarados, pagos pela empresa que ele próprio dirigia, sem que tenha sido alvo de qualquer acusação, num claro contraste com o procedimento face a Ghosn. De recordar que este gestor, com nacionalidade francesa, brasileira e líbia, representava a Renault, construtor que salvou o fabricante japonês da falência e daí que controlasse 43,4% do capital. Carlos Ghosn, que foi preso em 2018 à chegada ao Japão, onde ficou a aguardar julgamento, evadiu-se passado cerca de um ano de forma algo teatral para o Líbano, onde ainda permanece.

Nissan. Chairman preso por abuso, mas CEO perdoado

Entretanto, o número dois de Ghosn, o norte-americano Greg Kelly, foi igualmente preso em 2018. Depois de quase quatro anos a aguardar julgamento, foi apenas condenado a seis meses de prisão e com pena suspensa, por ajudar Ghosn a declarar menos do que recebia – o que aparentemente não era novidade na empresa –, sem que ele mesmo tivesse obtido quaisquer vantagens financeiras no processo. Mais uma vez, em contraste com o que aconteceu com o CEO japonês e responsável pela empresa, Hiroto Saikawa.