Camila consegiu escapar do carro onde a mãe e a irmã mais nova morreram queimadas, avança o Jornal de Notícias a propósito do episódio que terá sido motivado pelo medo que a mulher de 29 anos teria de ficar sem a guarda das filhas de 10 e 3 anos. Segundo o Correio da Manhã, a criança foi encontrada, sem ferimentos, por moradores de Porto Covo, em Sines, coberta do combustível que a mãe usou para imolar a viatura com as crianças lá dentro.

Ao JN, uma das moradoras que se deparou com o carro em chamas relata que “um senhor ainda tentou partir o vidro para as tirar, mas o calor era imenso e teve de sair dali”. Joceline Brazão, uma trabalhadora da Casa da Misericórdia de Sines de origem cabo-verdiana, vivia com a mãe e uma irmã num bairro clandestino na Barbuda, também em Sines. Terá sido movida pelo medo de perder a guarda das filhas para o ex-companheiro, emigrado na Bélgica, com quem morou até há dois anos. 

Conta o CM que, no início deste mês, o pai terá surpreendido as meninas com a uma visita surpresa, por ocasião do aniversário da mais velha, a 1 de março. Antes da tragédia, o homem passou o fim de semana com as filhas, tendo pedido à ex-companheira para prolongar por 24 horas a visita parental que deveria terminar no domingo. Alegando que tinha de pentear as meninas antes de as entregar na escola, Joceline negou o pedido.

Por volta das 21 horas desta segunda-feira, a mãe de Joceline alertou a GNR, preocupada com o desaparecimento das netas e da filha que, aparentemente desnorteada, deixou o telemóvel para trás. Praticamente três horas depois, a 20 quilómetros do bairro clandestino onde morava, o corpo da cabo-verdiana e da filha mais nova foram encontrados carbonizados, dentro da viatura, pelas autoridades locais. “Nada disto era previsível. As meninas estavam bem integradas, não lhes faltava nada, estavam felizes, mas a Joceline estava cada vez mais perturbada, notava que andava cabisbaixa sempre que o pai das meninas as vinha ver”, relata um amigo da família, citado pelo JN.

Entretanto, a Polícia Judiciária de Setúbal abriu um inquérito para apurar as circunstância desta “tragédia”. Encaminhada para o Hospital do Litoral Alentejano, a menina que conseguiu escapar às chamas está a ser acompanhada pelo pai e familiares diretos da mãe.

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