Sérgio Conceição e Francisco Seixas da Costa falharam esta sexta-feira uma tentativa de acordo que evitaria o julgamento do diplomata por alegada difamação agravada ao treinador do FC Porto.

O acordo ficou inviabilizado porque Sérgio Conceição e o seu advogado, Pedro Henriques, queriam que a declaração do embaixador contivesse a expressão exata “pedido de desculpas”, o que o embaixador e o seu advogado, Magalhães e Silva, rejeitaram.

Magalhães e Silva defendia que uma declaração do seu cliente assentasse apenas na admissão de que se excedeu na expressão usada e que lamentava a mágoa que causou a Sérgio Conceição.

A tentativa gorada de acordo foi fomentada pela própria juíza do processo, antes de iniciado o julgamento no tribunal criminal do Bolhão, no Porto, na tarde desta sexta-feira.

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Em causa está a expressão “javardo”, usada pelo antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus e embaixador na ONU na rede social Twitter, em março 2019, para classificar Sérgio Conceição, num rótulo estendido aos adeptos do FC Porto “que se reveem no seu estilo”.

Como são os adeptos do (meu) Sporting que gostam do Bruno de Carvalho“, acrescentou o diplomata.

Face à “indignação ‘azul'” gerada pelo post, publicado após um jogo entre Sporting de Braga e FC Porto, Seixas da Costa recorreu ao seu blogue “Duas ou Três Coisas”, no último dia de março de 2019, para admitir que exagerara na linguagem usada.

“Não me custa reconhecer que os termos não terão sido os mais felizes”, escreveu, numa posição que o embaixador reiterou esta sexta-feira em audiência.

Mas, perante o tribunal, desvalorizou também o sentido pejorativo da expressão “javardo”, limitando-se a equipará-la a “grosseiro” ou “mal-educado”.

“É um vocábulo forte, mas não ofensivo”, acrescentou.

Ainda assim, o FC Porto, através da sua sociedade anónima desportiva para o futebol, reagiu repudiando “veementemente” a afirmação e Sérgio Conceição avançou para a justiça, constituindo-se assistente no processo.

Ainda na sessão de julgamento desta sexta-feira, Seixas da Costa disse fazer “uma avaliação positiva de Sérgio Conceição como treinador” e que neste caso está apenas em causa “uma cultura de permanente excesso”, em declarações públicas.

O advogado de Sérgio Conceição perguntou ao diplomata como reagiria se o apelidassem de “javardo”, ao que Seixas da Costa retorquiu: “Espere aí, mas eu não sou”.

Já Sérgio Conceição disse que na altura dos factos não associou os considerandos do embaixador a qualquer situação concreta, tendo sublinhado a forma “impactante” como a expressão mexeu sua vida pessoal.

“Senti a expressão como um ataque à minha pessoa. Para mim, foi grave, daí a minha queixa”, declarou ao tribunal.

E acrescentou: “Se fosse eu, pedia desculpa e estava o caso arrumado. Não me tirava dignidade nenhuma pedir desculpa”.

O julgamento prossegue no dia 1 de abril, às 14h00, com audição das testemunhas de acusação