O Presidente do Cazaquistão anunciou esta quarta-feira a intenção de aplicar profundas reformas políticas no país e partilhar mais poderes com o legislativo, dois meses após uma rebelião que alastrou por todo o país.
Kassym-Jomart Tokayev disse numa sessão conjunta no parlamento desta antiga república soviética da Ásia central rica em petróleo ser necessária uma transição que diminua os vastos poderes presidenciais para evitar o agravamento da “estagnação”.
Os protestos contra o aumento do preço dos combustíveis que se iniciaram no oeste do vasto país no início deste ano alastraram em poucos dias a dezenas de cidades e outras localidades. O país nunca tinha registado manifestações tão numerosas desde a declaração da independência em 1991.
Os protestos, inicialmente pacíficos, degeneraram em violência com um balanço de pelo menos 230 mortos.
As alterações propostas por Tokayev incluem medidas menos estritas para o registo de novos partidos políticos, permitido que 30% dos deputados sejam eleitos num mandato único pelos distritos, e diminuindo os poderes do Presidente para afastar responsáveis regionais.
Os líderes autoritários do Cazaquistão emitiram no passado diversas promessas de democratização, mas que nunca foram efetivamente concretizadas. O crescente descontentamento sobre a incapacidade do Governo em diminuir o fosso entre a elite enriquecida – incluindo diversos familiares próximos de Nursultan Nazarbayev, o antecessor de Tokayev – e o resto do país implicou a necessidade em anunciar as atuais medidas.
A incerteza sobre trajetória política do Cazaquistão tem-se manifestado nas últimas semanas pela preocupação de um colapso económico da Rússia, o seu vizinho e principal parceiro económico, que poderá originar reflexos na sua própria economia. Os dois países partilham uma fronteira de 7.600 quilómetros.