A inclusão dos vários possíveis sucessores de António Costa no novo Governo pode ser “um erro enorme”. O aviso parte de Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD e comentador habitual da SIC, quando faltam três dias para António Costa entregar a lista dos nomes que quer no novo elenco governativo a Marcelo Rebelo de Sousa.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, Marques Mendes falou de um Governo que terá duas vantagens — ser mais pequeno do que o anterior e mais ao centro, já que já não existe geringonça — mas também um “risco”: o facto de previsivelmente poder vir a incluir vários dos nomes falados para a sucessão de António Costa.

“Pedro Nuno Santos, Fernando Medina, Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Silva. Provavelmente, todos vão ser ministros e todos são potenciais candidatos à sucessão de António Costa”, elencou Marques Mendes (destes, só Fernando Medina e Ana Catarina Mendes não são, neste momento, governantes). “Isto até pode dar certo, mas tem tudo para dar errado. Alguns dizem: todos dentro do Governo é boa ideia, para o primeiro-ministro os vigiar. Eu penso de maneira diferente. Pode ser um erro enorme”.

A ideia, aos olhos do comentador, é que isto pode fomentar uma “guerrilha” dentro do Governo, em que os possíveis sucessores estarão a fazer “marcação uns aos outros” para entrarem em competição: “Afinal, o sucesso de um é uma dificuldade acrescida para os outros“. E isso não ajuda à “solidez” para o Governo.

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Ainda sobre o novo Governo, Marques Mendes colocou uma dúvida: se será este um elenco “reformista”, pelo perfil dos novos ministros e pelo discurso que caberá a António Costa fazer na posse, mas também no que Marcelo Rebelo de Sousa fizer — cabe ao Presidente ser “um acelerador de reformas, exigindo-as”, notou. Caso contrário, a ideia de um Governo reformista pode ser uma “miragem”.

No mesmo comentário, Marques Mendes frisou que no Conselho Europeu marcado para esta semana é provável que seja aprovado um teto máximo de referência para o preço do gás e, como é esperado, a autorização de Bruxelas para descer o IVA da energia, mas sublinhou que mesmo com as dificuldades trazidas pela guerra o Plano de Recuperação e Resiliência “não será alterado”.

Sobre a guerra na Ucrânia, o comentador frisou ainda que a invasão não está a correr bem a Vladimir Putin, pelos erros no plano militar mas também no plano político, que acabaram por resultar num fortalecimento da NATO e na admiração generalizada pelo presidente ucraniano. Já o acordo só poderá acontecer quando a Rússia começar a acreditar que tem mais a perder continuando a guerra, alertou, ainda que considerando a continuação das negociações um bom sinal.