O acesso às fajãs de São Jorge vai ser proibido devido à crise sísmica, disse esta quinta-feira o presidente do governo açoriano, embora ainda não tenha sido definido se a proibição vai abranger toda a ilha.
Em declarações aos jornalistas na ilha de São Jorge, após uma reunião com o presidente da Câmara das Velas e com os responsáveis do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica (CIVISA) e da Proteção Civil, José Manuel Bolieiro apelou ainda às pessoas para abandonarem as fajãs da ilha.
“Pessoas que estejam nas fajãs, a nossa recomendação é evacuarem e proibição de acesso. Estamos agora a definir o perímetro. Se todas as da ilha ou no perímetro relativamente à iminência que está a acontecer. É uma definição que está a ser preparada e que hoje vai ser decidida”, afirmou.
José Manuel Bolieiro, que lidera o Governo Regional PSD/CDS-PP/PPM, acrescentou que a decisão de apelar às pessoas para abandonarem as fajãs também vai ser tomada “tendo em conta a informação meteorológica”, uma vez que está prevista chuva para os próximos dias em São Jorge, que poderá dificultar operações de resgaste.
O governante reforçou que está “tudo preparado” caso seja necessário proceder à retirada das pessoas da ilha.
“Não travamos ninguém dessa oportunidade de se ausentar da ilha porque não estamos a promover um exercício comunicativo alarmista. No entanto, vemos com bons olhos essas opções e estamos a assegurar os meios necessários”, apontou.
A ilha de São Jorge tem mais de sete dezenas de fajãs — pequenas planícies junto ao mar que tiveram origem em desabamentos de terras ou lava — que são, desde 2016, Reserva da Biosfera da UNESCO — Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura e dos locais mais procurados pelos turistas.
A atividade sísmica na ilha de São Jorge “continua acima do normal” e nas últimas horas “foram sentidos 11 sismos”, informou esta quinta-feira o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa “possibilidade real de erupção”.
Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge que abandone as suas casas.
Também na quarta-feira, a Proteção Civil dos Açores ativou o Plano Regional de Emergência devido à elevada atividade sísmica que se regista em São Jorge desde sábado.
Governo dos Açores admite “possibilidade real de erupção” na ilha de São Jorge
Os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha, Calheta e Velas, também já foram ativados.
A ilha está organizada administrativamente em dois concelhos, Velas e Calheta, onde vivem, respetivamente, 4.936 e 3.437 pessoas, segundo os dados provisórios dos censos da população de 2021.