A associação ambientalista Quercus lamenta o fim do Ministério do Mar na orgânica do próximo Governo e considera que o ordenamento do território também devia manter-se no Ambiente.

Segundo a orgânica do novo executivo, conhecida na quarta-feira, a área do mar deixa de ter, como até agora, um ministério e fica no Ministério da Economia. O ordenamento do território, que estava no Ministério do Ambiente e Ação Climática, passa para o Ministério da Coesão Territorial.

Em declarações à Lusa, Marta Leandro, vice-presidente da Quercus, lamentou essa mudança e referiu que não haver suficiente ordenamento do território é dos principais fatores para padrões de mobilidade pouco sustentável.

Depois, acrescentou, colocar a área do Mar na Economia é preocupante, quando Portugal se prepara para organizar uma conferência mundial sobre os oceanos. O ministro indigitado da Economia e Mar, António Costa Silva, é um dos defensores da mineração em mar profundo e alguém ligado às fontes energéticas não renováveis, referiu.

Quanto ao novo ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, Marta Leandro lembrou que o novo titular da pasta teve na Câmara de Lisboa ligações ao ambiente (resíduos), mas que é essencialmente um economista, próximo do ministro das Infraestruturas, com obras previstas de grande impacto ambiental.

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Duarte Cordeiro, disse a responsável da Quercus, devia concentrar-se na crise climática e “na enorme perda de biodiversidade que está em curso”.

Marta Leandro teme que as políticas ambientais sejam subordinadas à economia, como teme uma subordinação do ambiente à energia, com as duas pastas na mesma secretaria de Estado.

Até agora, exemplificou, nos parques fotovoltaicos “a preocupação tem sido atribuir capacidade”, havendo critérios de localização questionáveis.

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira, ao Presidente da República, a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.

Há novos titulares nas Finanças (Fernando Medina), nos Negócios Estrangeiros (João Gomes Cravinho), na Defesa (Helena Carreiras), na Administração Interna (José Luís Carneiro), na Justiça (Catarina Sarmento e Castro), na Economia e Mar (António Costa Silva), nos Assuntos Parlamentares (Ana Catarina Mendes), na Ciência e Ensino Superior (Elvira Fortunato), na Educação (João Costa), no Ambiente (Duarte Cordeiro) e na Cultura (Pedro Adão e Silva).

Continuam no executivo, e nas mesmas pastas, Mariana Vieira da Silva (Presidência), Marta Temido (Saúde), Ana Mendes Godinho (Segurança Social e Trabalho), Ana Abrunhosa (Coesão Territorial), Maria do Céu Antunes (Agricultura) e Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação).

Abandonam o Governo 11 ministros: Alexandra Leitão, Graça Fonseca, Francisca Van Dunem, João Leão, Augusto Santos Silva, Pedro Siza Vieira, Nelson de Souza, Matos Fernandes, Manuel Heitor, Tiago Brandão Rodrigues e Ricardo Serrão Santos.

Este é o terceiro Governo chefiado por António Costa e o seu primeiro com maioria absoluta. Pela primeira vez, a composição de um executivo conta com mais mulheres do que homens, excluindo o primeiro-ministro.