A Câmara dos Representantes da Florida aprovou esta sexta-feira um projeto de lei que pode terminar com o estatuto especial que permite há décadas que o complexo Walt Disney World opere como um órgão autónomo.
Esta aprovação é uma vitória para o governador republicano Ron DeSantis, e mais um capítulo na luta que tem com a Disney, após as críticas que a empresa fez pela promulgação da polémica lei conhecida como “Don’t Say Gay” (“Não diga gay”, em português), que proíbe os professores de falarem sobre orientação sexual nas escolas neste estado norte-americano.
A medida pode ter enormes implicações fiscais para a Disney, que tem uma série de parques temáticos em Orlando que se tornaram um dos destinos turísticos mais populares do mundo.
Ron DeSantis é um conservador ambicioso que, segundo analistas de política, gostaria de usar a Florida como trampolim para a Casa Branca.
O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Representantes da Florida pode eliminar, até 2023, a área administrativa Reedy Creek, zona especial que abrange cerca de 100 quilómetros quadrados e fica entre os condados de Osceola e Orange, no centro do Estado, e permite que o Walt Disney World tenha a sua própria polícia e corpo de bombeiros, entre outros privilégios.
A medida, que abrange ainda outras áreas semelhantes, segue agora para o gabinete de DeSantis, para ser promulgado, noticiou a agência Associated Press (AP).
A votação durou três dias e além do projeto de lei sobre áreas administrativas e judiciais especiais, o principal motivo foi o mapa do Congresso desenhado por DeSantis.
Os democratas criticaram a lei contra a Disney e o mapa, considerando ser prejudicial a eleitores negros, mas os republicanos aprovaram os dois projetos de lei.
A lei que gerou a controvérsia entre governador e empresa, aprovada pelo Congresso e assinada em março pelo governador, levou a Disney a reagir em comunicado, defendendo que esta proposta “nunca devia ter sido aprovada” e pedindo desculpa aos seus funcionários por ter optado por estar em silêncio e fazer campanha “atrás das cortinas”.
Pouco antes da lei ser promulgada, o CEO da Disney, Bob Chapek, anunciou que a empresa ia cancelar as suas grandes doações políticas na Florida, inclusive para o próprio governador.
E revelou ainda que aumentaria os seus fundos em favor de grupos que lutam contra medidas semelhantes em outros estados.
Por sua vez, o governador da Florida considerou as declarações da Disney como “desonestas” e “para lá dos limites”.
A Disney é um dos maiores empregadores privados da Florida, com mais de 60.000 trabalhadores no Estado, segundo dados da empresa.
Ainda não é claro de que forma a empresa, e a sua capacidade de autogestão, irá ser afetada caso o projeto de lei avance.