Um professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) foi acusado de abusos sexuais a uma aluna, que terá engravidado do docente e terá perdido o bebé. A estudante, que não é de nacionalidade portuguesa, já cancelou a matrícula e prepara-se para sair do país.

De acordo com o jornal Público, Fernanda Ribeiro, diretora da FLUP, anunciou, esta quinta-feira, que foi aberto um inquérito administrativo na sequência de uma queixa-crime. A jovem fez primeiro uma participação na esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP) a 21 de abril, tendo depois telefonado à direção da faculdade para que esta interviesse no caso.

A estudante alega que os episódios de abuso sexual começaram em setembro de 2021, numa altura em que pediu ao professor para que orientasse um artigo que estava a preparar. No primeiro encontro, a aluna conta que o docente lhe disse que “era bonita e outras coisas inapropriadas”, relatando depois que o professor “lhe colocou a mão em cima das pernas”, “acariciou-lhe o busto” e “tocou-lhe nos seios”. “Fiquei petrificada. Não soube o que dizer, o que fazer.”

Após o primeiro encontro, o professor terá mandado um e-mail para que a aluna voltasse ao seu gabinete. Inicialmente, a jovem terá pensado que serviria para um pedido de desculpas, mas estava enganada: “Aconteceu a mesma coisa, só que desta vez eu não consegui sair da sala. Fiquei petrificada. Ele coagiu-me a ter relações sexuais”.

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Os abusos sexuais terão durado meses, sendo que tinham lugar no gabinete do docente ou no apartamento da estudante, que lembra que o alegado agressor a “manipulava e abusava da sua autoridade”. “Ele disse que tinha poder para prejudicar as minhas notas, podia fazer com que fosse expulsa da faculdade”, afirma, acrescentando: “Na minha cabeça, ele podia fazer o que ele quisesse. Eu fiz o que ele pediu para eu fazer”.

A estudante sinaliza que estes encontros eram frequentes, nunca tendo confidenciado a ninguém que aconteciam. Um dos episódios que mais a marcou ocorreu em fevereiro. “Descobri que estava grávida”, recorda, decidindo que não queria abortar. Mas o professor terá ficado “furioso” e terá sido “violento”, tendo-a “empurrado” quando soube da notícia. Em março, a jovem acabou mesmo por sofrer um aborto espontâneo: “Eu sentia-me devastastada. Ele aproveitou-se dessa situação. Foi a última vez”.

Por seu turno, o advogado do professor em causa, Augusto Ínsua Pereira, rejeita as acusações, segundo o Público. “É uma mentira medonha. Não houve qualquer abuso sexual. Isto surge num quadro que há-de ser esclarecido na próxima semana”, garante.