Um relatório da Organização Mundial de Saúde alertou que as empresas ligadas aos substitutos do leite materno pagam a plataformas de redes sociais e a criadores de conteúdo para alcançarem diretamente as utilizadoras grávidas.

Segundo o relatório publicado esta terça-feira, o mercado de substitutos de leite materno — que vale 55 mil milhões de dólares, cerca de 52 mil milhões de euros — utiliza ferramentas como aplicações, grupos de apoio virtuais designados de ‘baby-clubs’, criadores de conteúdo pagos, promoções e fóruns ou serviços de aconselhamento para promover os seus produtos às mães grávidas e mulheres em fase de amamentação.

A Organização Mundial de Saúde analisou quatro milhões de publicações das redes sociais sobre amamentação publicadas entre janeiro e junho de 2021. As publicações alcançaram 2,47 mil milhões de pessoas, tendo gerado mais de 12 milhões de gostos, partilhas e comentários.

As publicações das empresas de substituto de leite materno alcançam, segundo o relatório da OMS, cerca de três vezes mais pessoas que as publicações de informação de contas de amamentação não comerciais.

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A promoção de substitutos de leite materno comerciais deveria ter terminado há uma década”; afirmou o diretor do departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da Organização Mundial de Saúde, Francesco Branca. “O facto de empresas de substitutos de leite materno estarem agora mais poderosas e com técnicas de marketing mais incisivas para aumentarem as suas vendas é inadmissível e deve ser parado.”

A dinamização global da promoção de substitutos de leite materno é uma violação, segundo o comunicado de imprensa da OMS, do Código Internacional de Promoção de Substitutos de Leite Materno — designado simplesmente como “o Código”.  Este é um acordo adotado pela Assembleia Mundial de Saúde, em 1981, e que tem como objetivo proteger as mães de “práticas agressivas de marketing pela indústria de alimentos de bebés” que impactem de forma negativa a amamentação.

Segundo a OMS, as crianças alimentadas com leite materno apresentam melhores resultados em testes de inteligência, têm menos hipóteses de ganhar excesso de peso e são menos propensas a diabetes num período mais tarde da vida. Para as mulheres que amamentam, os riscos de contrair cancro da mama ou dos ovários é menor.