“O que o Pepe representou é o passado dele, está muito no nosso Museu e está na cabeça de todos nós. Esta renovação não é um prémio pelo passado, é porque continua a ser fundamental, o melhor central português e por isso é titular da Seleção fruto da vida que sempre levou, do cuidado e profissionalismo que sempre teve, vai durar mais. Tenho a certeza que não será o último contrato que assinará. Fizemos questão de começar por ele, por ser o capitão e porque é um homem de H muito grande. Vive o FC Porto como muitos que aqui nasceram não conseguem chegar. No ano passado, fruto do grande trabalho do nosso Sérgio Conceição e dos jogadores, conseguimos a dobradinha e o Pepe foi um dos pilares”.
Mais de uma década depois da saída para o Real Madrid, tendo passado dez anos em Espanha e mais um meio na Turquia ao serviço do Besiktas, Pepe voltou ao FC Porto a um mês de completar 36 anos. Assumiu de imediato a titularidade, voltou a ganhar títulos, prolongou em novembro de 2020 contrato até aos 40. Afinal, a história no clube estava apenas a começar. E a presente temporada confirmou isso mesmo.
Logo a abrir a época, na primeira jornada do Campeonato no Dragão frente ao Belenenses SAD, o central tornou-se o jogador mais velho de sempre a realizar um encontro oficial pelos azuis e brancos, superando o registo de Silvino com quase 25 anos com 90 minutos completos aos 38 anos, cinco meses e 15 dias. Mais: no top 5 dos atletas com mais idade apenas está mais um elemento de campo, Aloísio (37 anos e nove meses), encontrando-se pelo meio mais dois guarda-redes da história recente: Helton e Casillas. “É um grandíssimo profissional, há pouco mais a dizer sobre o que é o Pepe e o que representa para o FC Porto. Ainda vai jogar mais algum tempo, face ao seu trabalho diário, é dos primeiros a chegar e dos últimos a ir embora. Se chegarmos às quatro da manhã, ele faz o banho de gelo. É difícil que não jogue até aos 40, ou mais”, comentou nessa altura Sérgio Conceição, treinador dos dragões que nunca abdicou do defesa.
Como Vinho do Porto????????
????@officialpepe tornou-se o jogador mais velho a vestir a nossa camisola
????Venham muitos mais, capitão!#FCPorto #FCPBEL pic.twitter.com/rDxIMEhwEs
— FC Porto (@FCPorto) August 9, 2021
Mais recentemente, na goleada frente ao Portimonense no Dragão por 7-0, Pepe atingiu mais um marco na história dos azuis e brancos, tornado-se o jogador mais velho de sempre a marcar pelo FC Porto num encontro oficial, ficando com o registo que pertencia até aqui ao também central Aloísio. O número 3 ficou ainda com outro marco na história do Campeonato, passando a ser o quarto mais velho a marcar um golo numa jornada da prova atrás de José Torres (Estoril, 41), André Simonyi (Covilhã) e Matateu (Atlético).
⌚️30' FCP 1-0 BFS
????????Pepe passa a ser o jogador mais velho a representar o ????FC Porto em jogos oficiais com 38 anos, 5 meses e 15 dias.
Top 5 dos mais velhos (FCP):
????????Pepe 38A, 5M, 15D
????????Silvino 38A, 3M, 12D
????????Helton 38A, 6D
????????Casillas 37A, 11M, 8D
????????Aloísio 37A, 9M, 13D pic.twitter.com/gpkApBx5TQ— Playmaker (@playmaker_PT) August 8, 2021
Também na Seleção esta foi uma época de recordes a nível de longevidade para o jogador do FC Porto que vai fazer 40 anos em fevereiro. Ao ser titular na partida em Dublin frente à Rep. Irlanda, Pepe tornou-se o mais velho de sempre a representar Portugal numa partida oficial, superando um registo que pertencia ainda a Vítor Damas. O antigo guarda-redes do Sporting, que passou também por Racing Santander, V. Guimarães e Portimonense antes de voltar a Alvalade, fez os últimos jogos pela Seleção na fase final do Campeonato do Mundo de 1986 quando tinha 38 anos e oito meses, na sequência da lesão de Manuel Bento. Com as vitórias no playoff de acesso à fase final do Mundial de 2022 frente a Turquia e Macedónia do Norte, Pepe deverá também estar na oitava grande competição internacional por Portugal numa série que teve início no Europeu de 2008 e que teve como ponto alto a conquista do Campeonato da Europa de 2016.
Pepe tornou-se o jogador mais velho de sempre a representar Portugal. Como o vinho do Porto… ???? pic.twitter.com/5R5RdAWkD7
— AZUL E BRANCO É O CORAÇÃO (@somosportocrl) November 11, 2021
Pepe chegou a Portugal vindo do Corinthians Alagoano para reforçar a equipa B do Marítimo quando tinha apenas 18 anos. Uma época depois, o central que nessa fase inicial era várias vezes utilizado como um médio defensivo esteve duas semanas à experiência na Academia Sporting, em Alcochete, mas os dois clubes não chegaram a acordo e voltou ao Marítimo, tendo contribuído já na equipa principal para um sexto lugar e consequente apuramento europeu em 2002/03. Assinaria depois em 2004 pelo FC Porto, após a saída de Ricardo Carvalho para o Chelsea, tendo começado como “sombra” de três pesos pesados do eixo recuado dos dragões (Jorge Costa, Pedro Emanuel e Ricardo Costa) até ganhar lugar e contribuir para dois Campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, além da Taça Intercontinental de 2004.
Em 2007, Pepe foi vendido ao Real Madrid por 30 milhões de euros e marcou uma era no clube espanhol ao longo de uma década, com 334 jogos oficiais e a conquista de 14 títulos (três Ligas dos Campeões, dois Mundiais de Clubes, duas Supertaças Europeias, três Campeonatos, duas Taças e duas Supertaças). Saiu depois para a Turquia, onde jogou uma temporada e meia no Besiktas antes de voltar ao Dragão e ganhar mais dois Campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, tendo ainda nova final da Taça.
“Comparo a influência dele com a de Van Dijk no Liverpool ou a do Rúben Dias no Manchester City. Anda neste patamar, se bem que o Pepe seja único porque aos 39 anos tem menos nove anos que Van Dijk e menos 14 que o Rúben Dias, com quem se encaixa muito bem na Seleção. As pessoas puseram em causa a sua condição porque vinha da Turquia mas conhecendo o animal competitivo que ele é sabia que o Pepe entraria nos jogos com tudo. Em termos fisiológicos tem características para manter essa longevidade, é um profissional exemplar que se cuida muito bem e por isso voltou ao FC Porto, para jogar e ganhar”, comentou esta semana Pedro Emanuel, antigo companheiro do central com quem chegou a fazer dupla no Dragão.
“Eu não tive maus momentos no F. C. Porto. A minha passagem foi sempre com muitos títulos, estamos prestes a conquistar dois, que é para aquilo que trabalhamos tanto. Mas quando o presidente chega ao Olival e se cruza com todos nós, transmite um sinal de respeito, um sentido que temos de seguir a direção correta no que estamos a fazer. Por isso, os mais jovens começam logo a perceber que vêm para um clube vencedor, que luta para ganhar sempre, independentemente onde esteja. As pessoas que vêm trabalhar para o clube sabem que é exigente, que para poder estar aqui têm de ter paixão de querer ganhar. Isso é imperativo dos 40 anos do nosso presidente”, referiu o central na homenagem a Pinto da Costa.
No encontro da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal frente ao Sporting, no Dragão, os adeptos azuis e brancos levantaram-se ao minuto 3 para aplaudirem e entoarem o nome de Pepe no seguimento da suspensão de 23 dias pelos incidentes no final do clássico com os leões no Campeonato, “congelada” com o recurso ao Tribunal Arbitral do Desporto. E a forma de agradecimento do número 3 enquanto capitão foi fazer mais uma temporada acima dos 30 jogos que pelo meio conseguiu três recordes de longevidade.