Dois autocarros eléctricos, a operar em Paris, arderam sem que ninguém, aparentemente, perceba os motivos que os levaram a ser consumidos pelas chamas. Os veículos em causa são fabricados localmente pelo Bolloré Group e são do modelo Bluebus 5 SE, estando ao serviço da Rede Autónoma de Transportes Parisienses (RATP). A frota inclui 149 veículos pesados de passageiros a bateria, mas dois deles arderam em Abril, um a dia 4 e o segundo a 29, o que justificou a interrupção da inclusão dos Bluebus 5 SE no serviço público da cidade.
O incidente de dia 4 consumiu por completo o autocarro bem no centro de Paris, na Avenida Saint-Germain. Ninguém ficou ferido, uma vez que o condutor parou o veículo e ordenou que todos os passageiros o abandonassem. Mas do susto ninguém se livrou. A RATP anunciou que pediu “ao fabricante Bolloré que explicasse a causa dos incêndios e propusesse um plano de acção para tornar os autocarros mais seguros”. Pelo seu lado, a Bolloré – associada à Alstrom e à Heuliez Bus – afirmou estar “a colaborar activamente com a RATP para determinar a causa dos incêndios”, sendo que o fabricante gaulês possui em Paris 500 autocarros eléctricos, dos 4700 que operam na capital francesa.
Os autocarros da Bolloré têm 12 metros de comprimento e transportam até 109 passageiros. A bateria, com uma capacidade de 441 kWh (de LPM, polímero metálico de lítio) garante uma autonomia de 320 km entre recargas, com o fabricante a assegurar que “as células não utilizam qualquer componente líquido, sendo completamente sólidas”. O construtor afirma ainda que “não há cobalto nem níquel na sua fabricação”, sendo o primeiro o material mais caro e o segundo o que justifica o excesso de aquecimento e os incêndios. Sucede que nenhum fabricante de acumuladores conseguiu (até agora) produzir em série baterias sólidas, embora estas sejam algo que todos perseguem, pelo que importa esperar pela conclusão das investigações.
As baterias do Bluebus 5 SE estão localizadas por cima do tejadilho. Em caso de incêndio, permitem que o veículo pare e os passageiros saiam antes de as labaredas tomarem conta da situação e devorarem o veículo.