A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou esta quarta-feira que o programa de compra de dívida deve terminar no início do terceiro trimestre e as taxas de juro podem subir “poucas semanas depois” – ou seja, a primeira subida pode acontecer no início do verão.
Lagarde, que ainda recentemente pediu contenção aos governadores dos diferentes países relativamente aos comentários públicos sobre as futuras decisões de política monetária, veio fazer um ponto de ordem onde, no fundo, confirma as expectativas de que a primeira subida das taxas de juro pode vir já em julho, como outros responsáveis do BCE já tinham admitido.
Num discurso feito esta quarta-feira na Eslovénia, a presidente do BCE comentou: “A primeira subida da taxa de juro, suportada na orientação futura que o BCE dá sobre as taxas de juro, acontecerá algum tempo depois do fim do programa de compra de ativos“.
Como o BCE já tinha indicado, o plano é terminar, primeiro, o programa de estímulo monetário através da compra de títulos de dívida no mercado e, depois, fazer a primeira subida das taxas de juro. O que faltava definir é o que significa “algum tempo”, entre uma coisa e outra.
“Nós ainda não definimos com precisão a noção de ‘algum tempo’, mas tenho sido muito clara ao dizer que isso poderá significar apenas algumas semanas“, afirmou Lagarde, repetindo que o BCE deve avançar no sentido de uma normalização “gradual” da política monetária depois dessa primeira subida dos juros.
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Recorde-se que, ainda em novembro, Christine Lagarde visitou Lisboa e considerou “muito improvável” que se reunissem as condições para justificar uma subida das taxas de juro em 2022. Cerca de seis meses volvidos, tornou-se praticamente uma certeza que essa primeira subida das taxas de juro na zona euro virá não só antes do final do ano como virá já em julho – provavelmente da reunião do BCE que está marcada para 21 desse mês.
A guerra na Ucrânia, que começou em finais de fevereiro, exacerbou as pressões inflacionistas que já vinham de trás, primeiro nos EUA (já desde a primavera de 2021) e depois também na zona euro, sobretudo a partir dos últimos meses do ano passado.
A taxa de inflação está quatro vezes acima do objetivo do BCE (que seria de 2%), com a energia a impulsionar a subida dos preços, que está a dar sinais de se enraizar na economia em geral.