O ministro da Economia, António Costa Silva, afirmou esta quinta-feira, em declarações à Lusa, que a feira Hannover Messe 22 “é uma ótima oportunidade para Portugal ser projetado” e espera que esta “impulsione ainda mais” a atração de investimento.
A Hannover Messe 22 decorre na Alemanha, entre 30 de maio e 2 de junho, e será inaugurada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro português, António Costa.
A feira de Hannover é a maior feira industrial e tecnológica do mundo, é uma espécie de montra, de showroom para as tecnologias mundiais, as novas tendências, os produtos, as empresas”, sublinhou o ministro da Economia.
Sendo uma montra de tudo aquilo que se faz, “sobretudo na indústria”, esta feira é para Portugal “extremamente importante”, referiu o governante.
“Vamos levar cerca de 110 empresas portuguesas a Hannover e promover os setores que achamos que são muito importantes para o desenvolvimento futuro na parte industrial: metalomecânica, bens de equipamento, todo o setor automóvel, a mobilidade, as energias renováveis”, como também os “plásticos” e os “moldes”, prosseguiu António Costa Silva.
“São setores que nos parecem extremamente interessantes”, que “estão em desenvolvimento, com inovação tecnológica e podem fazer a diferença”, acrescentou o ministro.
A feira “vai ter três grandes temas: tudo o que é engenharia e produtos de engenharia, a parte digital e a parte das energias renováveis. Penso que podemos fazer uma boa feira e dar às empresas todas as possibilidades de construírem alianças, atrair investidores”, considerou o governante.
A edição deste ano da Hannover Messe é “em formato híbrido, mas vai haver uma presença (…) grande também a nível físico de múltiplas entidades, sobretudo alemãs, mas eles atraem gente de todo o mundo”, desde países como “Coreia do Sul, México” e outros que foram os parceiros da feira de Hannover.
Portugal é o país parceiro deste ano, pelo que as atenções deverão estar centradas, além da Alemanha, no mercado português.
“Pensamos que a partir daí se alavanquem um conjunto de oportunidades, portanto, a expectativa é que todos estes setores possam apresentar-se, possam construir a sua rede de relações, a sua network, que possam inclusive ter parceiros alemães, ter investidores, enfim, é uma galáxia de intervenientes que aparece ali e eu acho que é uma ótima oportunidade para Portugal ser projetado”, reforçou António Costa Silva.
Apesar da inflação e da escassez de matérias-primas, o ministro apontou que “o índice de produção industrial neste último mês subiu e, portanto, muitas empresas têm encomendas”.
António Costa Silva adiantou que já visitou algumas empresas no norte do país e que “há algumas perspetivas boas”.
Isto “apesar das dificuldades, dos custos da energia, dos custos de produção e, sobretudo, da falta de matérias-primas”, uma vez que “tivemos aqui uma rutura nas cadeias de abastecimento mundiais e até que isso seja reposicionado vai ser um bocado difícil”, referiu.
No entanto, “o que é extraordinário na economia portuguesa é que muitos destes setores que estão a responder, e a responder bem, mantêm as ligações aos clientes, a carteira de encomendas e eu espero que Hannover consolide e amplifique este efeito”, acrescentou.
António Costa Silva vai marcar presença na feira de Hannover e estará lá “dois ou três dias”, em contacto com as empresas e com investidores e empresas alemãs a tentar fazer o que classificou de “fertilização cruzada” e tentar que aquela seja “uma plataforma boa” para expor as companhias portuguesas e os seus produtos.
O ministro adiantou que Portugal tem recebido “grande apoio” das entidades alemãs, quer da embaixada cá, como de jornalistas da própria organização da feira, em contacto com a Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP), que coordena a iniciativa, e o envolvimento das próprias empresas portuguesas.
“Agora vai haver promoção [da feira] durante três grandes eventos que vão ser presididos” por António Costa, o primeiro começa em 13 de maio, depois há outro no dia 18 e termina no dia 24.
Costa reúne-se com empresários antes de inaugurar com Olaf Scholz Feira de Hannover
O encontro de sexta-feira decorre em Braga e junta 42 empresas (20 do Porto, 20 de Braga, uma da Guarda e uma de Bragança), já o segundo, em Aveiro, reúne representantes de 39 empresas (35 de Aveiro, dois de Coimbra e dois de Viseu)
O último encontro, em 24 de maio, decorrerá em Sintra e conta com 28 empresas (17 de Lisboa, nove de Leiria, uma de Santarém e uma de Setúbal).
Com estas sessões “a caminho de Hannover”, o Governo pretende ouvir os empresários e destacar a importância da presença portuguesa na Hannover Messe’22.
“Pensamos que isso vai ser também um evento importante para atrair a atenção” a “caminho de Hannover” e “mobilizar todos estes setores a estarem presentes”, sublinhou o governante, salientando que Portugal tem empresas que comparam bem com as suas concorrentes.
“Temos empresas que estão exatamente na primeira linha da competitividade”, disse, apontando que “em muitos setores empresariais” que marcam presença na feira houve uma “espécie de reconfiguração e reinvenção dos seus processos de fabrico e produção, com a aplicação da digitalização, da robotização, inclusive de segmentos da cadeia de valor que já estão robotizados”, o que aumenta a eficiência e a escala.
Depois, “com as plataformas eletrónicas atualmente, se tivermos bons produtos, podemos chegar a todo o lado”, rematou.
Além digitalização, engenharia e energias renováveis, o ministro destacou uma quarta área que tem a ver com automação, realidade aumentada e realidade virtual.
Sobre as expectativas, o ministro espera que haja empresas a fazerem contratos e parcerias em Hannover.
Portanto, “algumas das nossas empresas que estão aí e fazem produtos e prestam serviços interessantes, que me parecem bastante competitivos, podem resultar em contratos e atração de investidores e de alianças”, considerou.
António Costa Silva espera que a economia recupere, com a saída “um pouco da crise pandémica”, apesar dos “efeitos da guerra” na Ucrânia.
“Há indicadores importantes da economia portuguesa que nos fazem acreditar que é possível”, afirmou, acrescentando que “o investimento está a funcionar muito bem”.
Isto porque “nos dois primeiros meses deste ano conseguimos, em termos de investimento direto estrangeiro, o saldo líquido [de] 2,2 mil milhões de euros, cerca de um terço que tivemos em 2021, onde batemos todos os recordes”.
Portanto, “eu espero que Hannover também impulsione ainda mais esta atração de investimento e crie oportunidades para o futuro”, rematou António Costa Silva.
Portugal, sob o mote Portugal Makes Sense, estará representado por 109 empresas que desenvolvem atividade nas áreas de soluções de engenharia (engineering parts & solutions), soluções de energia (energy solutions) e ecossistemas digitais (digital ecosystems), incidindo sobre os setores dos equipamentos e da metalomecânica, mobilidade, setores automóvel e aeronáutico, automação e robótica, têxteis e plásticos técnicos, moldes, tecnologias de produção e energias renováveis.