É o melhor jogo de futsal do mundo — e este sábado valia um troféu. No Pavilhão Multiusos de Sines, Benfica e Sporting defrontavam-se na final da Taça de Portugal e discutiam a segunda competição mais importante do panorama nacional antes das decisões no Campeonato Nacional. No fim, os leões levaram a melhor, derrotaram os encarnados (3-4) e conquistaram a Taça pela quarta edição consecutiva.

Mas, para contar a história da final, é preciso puxar atrás a fita do tempo para recordar uma semana inteira de final eight da Taça de Portugal em Sines. O Sporting chegou ao jogo decisivo depois de eliminar Candoso e Quinta dos Lombos, o Benfica apurou-se depois de afastar Caxinas e Marítimo e Pany Varela e Afonso Jesus, os dois internacionais portugueses escolhidos para fazer a antevisão do dérbi, não tinham dúvidas de que a partida era das mais importantes da temporada.

“Nesta altura, já não há segredos entre as duas equipas. É entrar em campo, competir e não deixar nada por fazer. Porque, sendo uma final, a pior sensação que podemos levar daqui é a de que poderíamos ter feito algo mais”, disse o ala dos leões, com o fixo dos encarnados a seguir uma linha de pensamento semelhante. “O mais importante é entrarmos no jogo, defender as nossas cores, ter a intensidade nos níveis máximos e proporcionar um excelente espetáculo. É mais um dérbi, temos a oportunidade de o jogar e temos de dar tudo em campo de forma a respeitar o símbolo que temos ao peito”, completou Jesus.

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Ora, apesar de o último encontro entre as duas equipas ter sorrido ao Benfica, em abril e a contar para o Campeonato, a verdade é que o histórico favorecia largamente o Sporting. A equipa de Nuno Dias entrava em campo enquanto recordista de conquistas da Taça de Portugal, com oito contra as sete do Benfica, e com o registo de ter vencido todas as outras quatro finais da competição que disputou contra o conjunto de Pulpis (em 2006, 2011, 2016 e 2019).

Em Sines, o relógio ainda mal tinha começado a andar quando o Sporting abriu o marcador: Merlim descobriu Tomás Paçó na esquerda e o jovem fixo, com um pontapé cruzado, foi o primeiro a bater André Sousa (1′). O jogo era discutido a um ritmo muito alto e com enorme intensidade, tal como era expectável, mas os ânimos demoraram a assentar e a primeira parte passou muito tempo aos tropeções entre faltas e duelos — com os bancos à mistura, sendo que Martim Figueira, guarda-redes suplente do Benfica, até viu cartão amarelo por protestos.

A primeira parte prosseguiu com um ascendente claro do Sporting e a verdade é que o jogo pareceu sempre mais próximo do segundo golo dos leões do que propriamente do empate dos encarnados. Pauleta acertou em cheio no poste depois de um passe de Erick (9′), Cardinal obrigou André Sousa a uma defesa esforçada (12′), Cavinato também viu o guarda-redes do Benfica evitar o golo após um grande pontapé (12′) e Merlim, com um remate cruzado, falhou o alvo por muito pouco (13′). O aumentar da vantagem, esse, chegou por intermédio de Erick (14′), que desviou para a baliza a meias com Jacaré na sequência de um remate inicial de Merlim.

Mas, num dérbi, tudo muda em questão de segundos. Os encarnados reduziram a desvantagem através de Chishkala (16′), que surpreendeu Guitta com um grande pontapé de longe após um canto, e empataram praticamente no lance seguinte, com Rocha a receber de costas para a baliza para rodar e atirar forte para o segundo golo da equipa de Pulpis (16′). Ao intervalo, em Sines, Sporting e Benfica estavam empatados e com tudo para decidir.

No início da segunda parte, repetiu-se o filme do início da primeira — mas ao contrário. O Benfica marcou logo nos instantes iniciais, com Rocha a bisar de cabeça (21′) depois de um canto cobrado por Robinho, e carimbou a reviravolta no marcador depois de ter estado a perder por dois golos de desvantagem. O Sporting tentou reagir de imediato, por intermédio de Cavinato e também na sequência de um canto, mas André Sousa evitou o empate com uma enorme defesa (22′).

Cardinal também ficou muito perto de marcar, com um pontapé à barra (25′), e do outro lado foi Rocha a acertar no poste com um fantástico pontapé cruzado (28′). O golo do Sporting, porém, acabou por aparecer: Merlim atirou em posição frontal e Esteban Guerrero, antecipando-se a André Sousa, desviou para deixar tudo novamente empatado (29′). Nesta fase, de forma natural, os ânimos iam ficando cada vez mais exaltados e o trabalho da equipa de arbitragem ia ficando progressivamente mais complexo.

O Benfica chegou à sexta falta já dentro dos últimos 10 minutos mas Cardinal, na marcação do consequente livre de dez metros, permitiu a defesa de André Sousa (34′). O golo do Sporting, porém, só tardaria mais uns instantes: na sequência de uma reposição de linha lateral de Merlim, Tomás Paçó apareceu ao segundo poste e encostou para bisar e restaurar a vantagem leonina na partida (35′).

Até ao fim, já nada mudou. O Sporting venceu o Benfica no Multiusos de Sines (3-4) e ganhou novamente a Taça de Portugal de futsal, conquistando o troféu pela nona vez e pela quarta edição consecutiva e juntando-o à Supertaça e à Taça da Liga que já tinha carimbado esta época.