Para o bem ou para o mal, Mehdi Taremi foi sempre um destaque ao longo da temporada. Para uns porque simulava ou colocava-se a jeito para sofrer grandes penalidades, para outros porque era uma vítima das campanhas externas para condicionar terceiros. De um ou outro lado, era ele e mais dez. E no FC Porto não foi muito diferente, com o avançado a terminar a temporada com mais um bis que premiou também aquilo que foi o enorme crescimento que teve sobretudo na segunda fase da época sem Luis Díaz, em posições mais descaídas sobre a esquerda ou explorando o espaço entre linhas que permitia que outros elementos tivessem também mais e melhor rendimento como Evanilson, Otávio, Pepê ou Fábio Vieira.

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“Houve um cretino que o veio chamar encantador de serpentes, se calhar o Taremi é mas é um encantador de lagartos, porque isso revoltou muito as pessoas, sobretudo quando se sabe que é um advogado e ter um ato racista como ele teve, que toda a gente reconheceu, mas no entanto ninguém fez nada e o senhor continua a assobiar para o lado e a insultar quem muito bem entender”, defendeu Pinto da Costa, presidente dos dragões, na sequência de um artigo de opinião publicado no jornal Sporting por um antigo dirigente que catalogava o iraniano como um “encantador de serpentes” para ganhar penáltis.

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“Penso que fiz uma época muito boa. Nunca faltei ao respeito a nenhum adversário nem a ninguém mas houve algumas pessoas de outros clubes que me desrespeitaram. Nunca respondi. Penso que só sou criticado porque jogo no FC Porto. Não eram críticas ao Taremi, mas sim ao FC Porto. Forma de jogar facilita faltas na área? Não, é a minha forma normal de jogar, os defesas é que têm de ter mais cuidado na abordagem aos lances. Não tenho culpa de chegar primeiro à bola e de sofrer faltas. Quando acontece na área é penálti. Todos os penáltis são analisados pelo VAR. A responsabilidade não é minha. O árbitro assinalou e o VAR nunca contrariou”, comentou numa entrevista de balanço ao Jornal de Notícias.

Na chegada a Lisboa para o estágio antes da final da Taça de Portugal, Taremi e Sérgio Conceição já tinham sido os mais saudados pelos adeptos. Foi assim em Lisboa, foi assim na primeira festa no Estádio do Dragão após a vitória na Luz frente ao Benfica, foi assim no desfile dos campeões na Avenida dos Aliados. Mesmo tendo um período grande de seca durante a temporada, o avançado não só igualou os 48 jogos que tinha feito na estreia pelo FC Porto como conseguiu marcar mais três golos (26-23) e fazer mais quatro assistências (16-12). E bateu mais alguns registos histórias na primeira Taça que conquistou.

Com os dois golos marcados na final (que podiam ser três, se não tivesse atirado uma de duas grandes penalidades ao poste), Taremi foi apenas o sexto jogador portista a marcar dois ou mais golos numa final da Taça de Portugal depois de Hernâni (1956), António Sousa (1984), James Rodríguez (2011), André Silva (2016) e Mbemba (2020). E, além de ser o primeiro jogador asiático a marcar numa decisão da Taça, Mehdi Taremi conseguiu também um outro registo, alcançando a temporada com mais golos da carreira e que superou aquilo que tinha feito no Persepolis em 2016/17 (26-24).