Depois da dramatização das últimas semanas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, acabou por aceitar a proposta apresentada pelo PCP que, na prática, dilatará ainda mais a hipotética implementação do fecho semanal da Avenida da Liberdade e da redução do limite de velocidade nas várias estradas da cidade em 10 km/h.
Carlos Moedas retirou a proposta que tinha apresentado para a consulta pública, ficando à boleia da proposta do PCP que, obrigando a estudos prévios e experiências piloto poderá, na prática, dilatar o prazo de implementação da proposta do Livre aprovada há 14 dias.
Se a estratégia de precipitar desde já a consulta pública, com um mínimo de 45 dias, podia dar a Moedas um resultado final de rejeição da proposta, a aprovação por unanimidade da proposta apresentada pelos comunistas acabará por dilatar os prazos. A consulta pública só avançará depois de concluídos os estudos sobre as medidas específicas sobre trânsito: fecho da Avenida da Liberdade e limitação da velocidade.
É precisamente com essa consciência que João Ferreira fez questão de dizer, durante a reunião de câmara, que a aprovação da proposta “não podia ser uma manobra dilatória de empurrar com a barriga algo esperando que não se venha a fazer nada”. O vereador comunista quis prevenir também que a realização dos estudos fossem apenas “um pró-forma para se fazer tudo como se nada fosse.”
Recordando que, quando a proposta foi votada na autarquia, o Livre recusou incluir as propostas de alteração do PCP que podiam impedir que se tivesse criado todo este ruído em torno da aplicação da mesma, o vereador questionou desde logo o ponto sobre a Avenida da Liberdade e o programa “A Rua é Sua”.
“Não sabemos se é retomar a “Rua é Sua” ou eliminar o trânsito na Avenida da Liberdade. O que lá está escrito é eliminar o trânsito uma vez por semana, aos domingos e feriados. O programa a Rua é Sua não fechava ao trânsito”, apontou o vereador comunista.
Na réplica, Rui Tavares do Livre frisou a disponibilidade do partido para procurar implementar as medidas de forma adequada, em consonância com os desejos da população, e lançou para a mesa a hipótese de fechar apenas as laterais da avenida e manter a circulação nas faixas centrais, uma solução que saiu de uma reunião que o partido teve com a UACS (a União de Associações do Comércio e Serviços da região de Lisboa e Vale do Tejo).
Já o socialista Miguel Gaspar considerou que a última semana foi “uma semana horribilis da governação da Câmara Municipal de Lisboa”. “Desiludiu os lisboetas com a incapacidade de diálogo conjunta” entre o Executivo e os restantes vereadores da autarquia, defendeu.
“O esforço para a construção de uma capacidade de diálogo conjunta é seu. Esteve preocupado em criar um facto político, temos de trabalhar juntos para fazer um caminho melhor para a cidade”, apontou o vereador do PS que no Executivo anterior tinha, precisamente, o pelouro da mobilidade.
O Bloco de Esquerda tinha apresentado também uma proposta, que acabou chumbada, cujo objetivo era aprofundar a informação sobre a Almirante Reis e a ciclovia dessa avenida bem como uma consulta pública sobre a operacionalização da rede gira.