O presidente da Câmara de Lisboa afirmou esta quinta-feira que a decisão de retirar metade da ciclovia do lado direito da Almirante Reis foi tomada após ouvidas “mais de 600 pessoas”, pelo que votará contra uma nova proposta de consulta pública. Ainda assim, se a consulta pública avançar, Moedas admite “parar o que está a ser feito” na ciclovia, caso a câmara decida em sentido contrário.

Ao que o Observador apurou a obra atualmente em curso, para retirar a ciclovia de um dos sentidos da Almirante Reis terá a duração de 100 dias.

Almirante Reis ficará como a Avenida da Liberdade, mas até lá há outra solução. Promessa de Moedas cai

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Em declarações à margem do lançamento da construção de novas casas em Lisboa, no Bairro da Boavista, Carlos Moedas frisou que “há cerca de um mês” deu conhecimento público da solução para a Almirante Reis. “Foi anunciado e trabalhado com os cidadãos, ouvimos mais de 600 pessoas”, explicou o presidente da autarquia.

Referindo-se à reunião de câmara de quarta-feira, o autarca disse que o Bloco de Esquerda quer apresentar uma nova proposta para fazer uma consulta pública “depois de já terem sido ouvidas as pessoas”.

Isso vai ser levado a reunião de câmara e quando for levado eu votarei contra, porque considero que já ouvimos as pessoas. Se a câmara assim o decidir, respeitarei a decisão e teremos de parar o que estamos a fazer“, acrescentou.

O Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa pediu na quarta-feira ao presidente do executivo que as obras na ciclovia da Avenida Almirante Reis “não avancem” até ser discutida a proposta de apresentação de um projeto de alteração fundamentado.

“A ciclovia da Almirante Reis foi retirada esta quarta-feira, agora, esta noite. Há um troço que foi retirado, a sinalética foi retirada, foi arrancada do chão uma zona grande na Alameda esta noite mesmo”, afirmou o vereador único do BE, Ricardo Moreira, em substituição de Beatriz Gomes Dias, na reunião pública do executivo.

Ricardo Moreira manifestou-se “bastante desiludido” com Carlos Moedas, porque houve o compromisso de agendar para a próxima reunião do executivo, na segunda-feira, uma proposta do BE, do Livre e da vereadora independente do Cidadãos por Lisboa (eleita pela coligação PS/Livre), que sugere que “antes de qualquer alteração na configuração do perfil da avenida” seja apresentado o projeto de alteração fundamentado para a ciclovia, abrindo “um período de recolha de contributos de não menos 30 dias”.

“Não há nenhuma consulta pública sobre um facto consumado, se as obras já avançaram, se há uma parte da ciclovia que já foi arrancada”, avisou o vereador do BE, considerando que “não é assim que se fazem consensos”.

Em resposta na reunião, Carlos Moedas (que não tem maioria absoluta no executivo) disse desconhecer o avanço das obras, mas afirmou que “houve todo um trabalho feito em relação à Almirante Reis”, em que foi decidido retirar metade da ciclovia após ouvir as pessoas, ressalvando que tal “não impede” a discussão da proposta para consulta pública.

“Se a vossa proposta é parar tudo o que se está a fazer, que é o bloqueio que o senhor vereador está a preparar para fazer, nós bloquearemos, bloquearemos quando votarem esse bloqueio”, declarou o presidente da câmara, afirmando que até lá não pode parar de gerir a cidade.

Após pedir informações aos seus assessores, o autarca do PSD indicou que “estão a fazer ensaios, não estão a retirar nenhuma ciclovia neste momento”, e assumiu a responsabilidade pelas intervenções em curso na avenida.

O vereador do Livre, Rui Tavares, considerou que o avançar das obras antes da votação da proposta para consulta pública do projeto para Almirante Reis pode estar dentro da legalidade, mas demonstra “falta de respeito”.

No decorrer da reunião, a vereadora Paula Marques reiterou o pedido para acesso à informação sobre os estudos desenvolvidos para as alterações na ciclovia.