Um, dois, três, dez, 20, 40. Ainda houve ali um empate a 29 com o Sporting em novembro de 2019 mas ao longo de 59 jogos o FC Porto não soube o que era perder no Campeonato com tudo aquilo que isso também ia representando para os adversários diretos na luta pelo título, que consideravam ser quase uma barreira intransponível mesmo que estivessem na frente até aos minutos finais, e para os opositores menos cotados, que surgiam muitas vezes quase a medo nos encontros. Só mesmo a pandemia travou os azuis e brancos desde 2018/19, com dois Campeonatos que só não foram provavelmente três devido à paragem nas provas.

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Por isso, e em relação a este ano, havia a curiosidade de perceber como seria a reação da equipa de Magnus Andersson depois de perder pela primeira vez na competição, na Luz (36-33). Por um lado, o Sporting era esta época uma equipa em início de ciclo mas que tinha perdido apenas uma vez e no Dragão Arena, pela margem mínima; por outro, o Benfica, que além da derrota em casa no dérbi com os leões tinha tropeçado em Setúbal mas ganhava novo fôlego com essa quebra de uma “barreira psicológica”. A resposta portista não poderia ter sido mais clara: vitória no Pavilhão João Rocha com o Sporting, triunfo na receção aos encarnados, o primeiro match point pela revalidação do título diante do Águas Santas na Maia.

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Parecia destino. Era mesmo destino. Destino porque também na última temporada o FC Porto ganhou o Campeonato frente ao conjunto maiato, nesse caso no Dragão Arena. Destino porque Pedro Cruz, que foi homenageado pela equipa da casa antes do início da partida, podia pela primeira vez aos 37 anos vencer o principal título do andebol nacional (e teve uma participação decisiva no “encontro do título” frente ao Sporting) no pavilhão onde foi tantas vezes feliz. Destino porque foi ali que, em fevereiro do ano passado, Alberto Quintana realizou o seu último encontro (com dois golos) antes de morrer de forma trágica.

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E se é verdade que a primeira parte ainda teve em fases distintas algum equilíbrio, também por “culpa” de um António Campos gigante na baliza do Águas Santas, a entrada do FC Porto no segundo tempo foi verdadeiramente demolidora, carimbando com um resultado largo o conjunto maiato e festejando o seu 23.º Campeonato da história (mais dois do que o Sporting), já o terceiro consecutivo desde 2019.

O encontro começou equilibrado, com o Águas Santas a conseguir mesmo uma vantagem no 4-3 mas o FC Porto a voltar para a frente do marcador aproveitando dois minutos de superioridade numérica. Mitrevski estava em foco na baliza dos azuis e brancos, António Campos mostrava-lhe ainda melhor na baliza dos maiatos e foi assim que o resultado manteve-se sempre nivelado até os dragões dispararem para os quatro golos de avanço pouco depois do meio do tempo inicial (10-6). O intervalo chegaria com essa distância mas em 14-10, com Rui Silva e Mário Lourenço como melhores marcadores de cada equipa com três golos.

Ao longo dos 30 minutos iniciais, Magnus Andersson foi mostrando algumas vezes que não estava satisfeito com alguns momentos de jogo da equipa e o intervalo funcionou na perfeição para corrigir alguns aspetos e poder com tranquilidade chegar a distâncias de dois dígitos, com um parcial de 12-2 em apenas 12 minutos que deixou o resultado nuns claros 25-11 perante o total eclipse em jogo dos maiatos e Diogo Branquinho a assumir-se como a grande figura do segundo tempo. O encontro tinha pouca ou nenhuma história ainda por contar, com o FC Porto a rodar todos os jogadores já em festa e o Águas Santas a tentar apenas reduzir uma desvantagem que em vez de diminuir só crescia mais um bocado até ao 34-18 final antes da festa.