O secretário-geral da Apritel considerou, esta terça-feira, “relevante” o investimento público na cobertura das zonas brancas (sem internet), adiantando que a associação vai “colaborar com o Governo”, defendendo que a nova rede seja aberta a todos os operadores.
Em 12 de maio, no último dia do congresso da APDC, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, afirmou que o Estado vai assumir o financiamento na implementação das redes de comunicações de alta velocidade, sendo que o concurso público para cobrir as zonas brancas será lançado no último trimestre deste ano.
“Do ponto de vista da Apritel [associação dos operadores das comunicações eletrónicas] esse é um ponto muito, muito importante”, afirmou Pedro Mota Soares, num encontro com jornalistas em Lisboa para traçar o retrato do setor em Portugal.
Temos uma boa cobertura, mas continuam a existir zonas brancas no país, são zonas que não têm rentabilidade comercial e, não tendo rentabilidade comercial, temos de ter investimento público para cobrirmos essas mesmas zonas. Parece-nos importante que a extensão destas redes permita a todos os operadores que estão no mercado poderem, em condições equitativas, disponibilizar também os seus serviços a estes consumidores”, salientou o secretário-geral da Apritel.
Pedro Mota Soares destacou ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) espanhol está “muito orientado para as comunicações” e que “os alemães também estão a fazer um enorme investimento”.
A cobertura das zonas brancas “é de facto relevante, importante, e a Apritel vai certamente colaborar com o Governo sempre com a lógica que é manter toda a rede que venha a ser criada aberta a todos os operadores”, rematou.
No que respeita à cobertura de redes de nova geração (fibra), “92% das habitações cabladas têm cobertura de fibra”, salientou, enquanto as redes móveis têm uma cobertura de 99,9%.
Em termos de cobertura da rede 4G, em Portugal esta é de 99,9%, acima dos 99,7% da União Europeia.
De acordo com os compromissos da atribuição das licenças 5G, está prevista a cobertura de 95% da população total em 2025 e nas freguessias de baixa densidade e ilhas atingir uma cobertura de 90% dentro de três anos.
Pedro Mota Soares salientou ainda que a previsão do investimento médio das receitas até 2025, no âmbito do 5G, é de 33%, uma revisão em alta face à estimativa anterior de 26%.
Questionado sobre consolidações no setor, Pedro Mota Soares escusou-se a comentar o tema.
Até ao leilão 5G, Portugal contava com três operadores móveis: Meo (Altice Portugal), NOS e Vodafone Portugal.
Com o leilão, mais três operadores — Nowo (MásMóvil), Digi e a Densair – compraram espectro, mas ainda não detêm rede.
“Portugal neste momento tem licenças para seis operadores, tínhamos tantos operadores como a média da União Europeia”, quando havia três, e “neste momento temos até mais do que a [média] da União Europeia”, afirmou o secretário-geral da Apritel.
A Alemanha, que é oito vezes a população portuguesa, “tem três operadores”, sublinhou.
No mercado alemão, de acordo com a Apritel, existe um quarto operador que só receberá o espectro comprado, necessário para ser operador móvel, em 2026.
Num breve retrato do setor a Apritel aponta que Portugal tem 18 prestadores de serviço de telefone em local fixo, seis de serviço móvel (incluindo MVNO – operador móvel virtual), 48 que prestam serviço de acesso à Internet de banda larga em local fixo, seis de serviço de acesso móvel à Internet e oito prestadores de serviço de televisão por cabo (adicionalmente quatro por DTH e oito por outras plataformas).
Operam no mercado português 14 serviços de “streaming”, em que a Netflix, AppleTV e Amazon lideram o mercado.