Rui Rio, na sua despedida dos congressos do Partido Popular Europeu (PPE), centrou o seu discurso no multiusos Ahoy, em Roterdão, no combate ao populismo e na crítica à invasão russa da Ucrânia. Em alemão — como falou sempre nos congressos da direita europeia –, o ainda presidente do PSD alerta que há “uma degradação do Estado de Direito” ao mesmo tempo que “o populismo e o autoritarismo avançam em praticamente todos os Estados-Membros da União Europeia”.
Numa adaptação de uma frase de Winston Churchill, Rio disse perante os delegados que “o regime democrático tem muitos defeitos e muitas limitações, mas continua a ser o menos mau de tudo o que, até hoje, se conhece.” Para isso, avisa Rio, é preciso reformar a democracia.
Esta reforma, defende presidente do PSD, é “da máxima importância” para que a democracia se possa adaptar aos “novos tempos“. Uma adaptação que, acrescenta Rio, tem de se traduzir em “resultados concretos em termos de justiça social, de modo a impedir que os mais frágeis sejam enganados por propostas políticas de perfil demagógico.”
Para Rio, num momento em que a Europa sofre “pressões externas de regimes autoritários, com particular destaque para a Federação Russa”, aquela que pode ser a “principal arma é a promoção de uma classe média maior e mais robusta, em que as suas melhores munições são o progresso e a criação de riqueza com justa distribuição.”
Numa espécie de guião ideológico do que entende que deve ser a orientação do PPE, Rui Rio diz que “a liberdade de mercado é a bússola dos Estados mais ricos, mas ela tem de ser moderada pela mão visível do Estado.” O setor público tem, no entender do social-democrata, um “papel decisivo nas áreas sociais, como a Saúde, a Educação ou a Segurança Social.”
A segunda parte do discurso de Rio, que tem um tempo de intervenção limitado, foi dedicada à ameaça russa. O presidente do PSD considera que “o avanço das potências autoritárias é hoje a maior ameaça à segurança e à ordem internacional” e que “a invasão da Ucrânia por parte da Rússia constitui um ataque ao nosso modo de vida”.
Para Rio a causa da “barbaridade” que ocorre com a guerra da Ucrânia é “o imperialismo e o seu total divórcio dos valores e princípios humanistas que, a todos, nos devem unir.” O líder da oposição pede assim “um mundo mais pacífico, mais feliz, e mais respeitador dos direitos humanos.” E acrescenta: “Um mundo pelo qual, em Portugal, o PSD sempre lutou e, pelo qual – disso estou certo – o PPE, na Europa, sempre lutará.”