O treinador da Roma, o português José Mourinho, confessou esta sexta-feira que se sente um “jovem”, apesar dos 59 anos e dos 26 títulos que já conquistou, e garantiu que “vão ter de aturá-lo mais uns anos” no futebol.

Sou o mesmo ganhando ou não. Regresso sempre com mesma cara, depois de vitória ou depois da derrota. Sou sempre o mesmo”, começou por dizer o técnico luso, durante uma conferência de imprensa na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), na Cruz Quebrada.

Mourinho, que recentemente conquistou a primeira edição da Liga Conferência Europa, naquele que foi seu 26.º título, no primeiro ano como treinador do emblema italiano, sente-se no “principio da carreira” e garante “nunca ter escondido aquilo que é e o que pensa”.

Estou no principio da carreira, tão simples quanto isso. Se mudei, foi para melhor. Aprendi com erros, fui mudando com as experiências vividas e fui-me adaptando a novas situações. Às vezes, alguns de nós gostam de vender uma imagem diferente daquilo que somos, mas nunca escondi aquilo que sou e penso”, assegurou.

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A preparação da final da terceira prova da UEFA “não mudou nada em relação à primeira”, de acordo com o técnico, que considera ser os “90 minutos em que se sente mais tranquilo”.

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“São os 90 minutos em que me sinto mais tranquilo, não dá para ter sensações. Isto para comparar com aquilo que eu era há 20 atrás ao nível da motivação. Sinto-me jovem e vão ter de me aturar mais uns anos”, transmitiu.

Depois, deu conta como passou a mensagem aos seus jogadores, entre os quais Rui Patrício e Sérgio Oliveira, para superaram os neerlandeses do Feyenoord (1-0), em Tirana, na Albânia.

“A visão de uma final é a pressão ser tão grande. Como treinador, tenho de tentar reduzir ao máximo a pressão daqueles que jogam e tentar analisar o jogo antes de acontecer. Tentar colocar os jogadores numa situação confortável e com poucas dúvidas. É ser muito pragmático e só terem de gerir as suas próprias emoções”, contou.

Por outro lado, para o técnico luso, “quando o treinador pensa que é o seu momento, que vai tentar mostrar o quão fenomenal ele é, vai perder”.

Após o apito final em Tirana, Mourinho festejou de mão aberta, aludindo os cinco títulos conquistados nas cincos finais europeias em que esteve presente, deixando claro que “nunca se preocupou muito com quem o criticou”.

Pelos críticos, nunca me preocupei muito com isso. A maneira como festejei tem só um fundamento: não sou aquilo que era, um jovem preocupado com a sua ascensão, crescimento e provar o dia-a-dia. Transformei-me numa pessoa menos egocêntrica, que vive muito mais para os outros do que para mim próprio. Estou num clube sem história de vitórias, com adeptos incrivelmente apaixonados, mas sem história de vitórias”, observou.

A possibilidade de poder conquistar o novo troféu da UEFA foi visto como um “sonho e até uma obsessão” ao longo da época que terminou, fazendo com que Mourinho “se sentisse como nunca se sentiu”, visto que “era a “Champions” da Roma”, ficando, por isso, “verdadeiramente emocional”.

Por fim, falou da forma como é acarinhado na capital italiana e elogia a frontalidade e honestidade dos responsáveis dos “giallorossi” quando o contrataram há um ano atrás.

“Adoro estar lá [na Roma], não adoro quanto perco e ali perco mais vezes do que noutro sítio. Adoro porque me adoram e porque tive uma relação de grande empatia com quem está dentro do clube e fora do clube. Sinto-me bem ali, ninguém me mentiu, ninguém me levou ao engano, nem me prometeram muitos zeros [para contratações]. Estou ali porque gosto e isso é importante”, concluiu.

“Se o FC Porto quiser voltar a emprestar o Sérgio Oliveira, vou já buscá-lo”

O treinador português manifestou ainda o desejo de poder continuar a contar com Sérgio Oliveira nos italianos da Roma, garantindo que irá “buscar” o futebolista luso se o FC Porto estiver disponível para novo empréstimo.

O médio internacional luso chegou aos romanos no mercado de inverno, por empréstimo dos “dragões”, tendo participado em 22 jogos oficiais e ajudado a equipa da capital transalpina a conquistar a primeira edição da Liga Conferência Europa.

Contudo, “Mou” explicou, durante uma conferência de imprensa na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), na Cruz Quebrada, que uma eventual compra do médio parece ser mais complicada.

É do Porto. Se quiseram emprestar como emprestaram, vou já buscá-lo. Levo-o já. Para comprar, não sei se o meu VISA permite. Foi campeão, foi importante, tem muitos princípios e partilha comigo como se deve estar no futebol. Ajudou-me na passagem [pela Roma], foi um exemplo daquilo que precisávamos e estou muito agradecido. Gostava muito que continuasse connosco, mas veremos”, argumentou.

Por outro lado, a continuidade do guarda-redes “‘San’ Patrício” é certa, segundo Mourinho, apesar das críticas ao jogador, que perdeu a titularidade na seleção portuguesa para o jovem Diogo Costa.

“Quem vai continuar connosco é o ‘San’ Patrício, como é conhecido em Roma. Por alguma razão é chamado assim. Alguns tiveram a heresia de dizer que não era titular na seleção por ter cometido muitos erros na Roma”, apontou.

Mourinho a favor do tempo útil de jogo e diz que VAR anda em “direções duvidosas”

O treinador mostrou-se também a favor do tempo útil de jogo no futebol, de forma a evitar a perda de tempo, e, por outro lado, considera que o videoárbitro (VAR) anda em “direções algumas vezes duvidosas”.

Foi durante uma conferência de imprensa na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), na Cruz Quebrada, perante os jornalistas presentes e vários alunos da universidade, que o técnico português dos italianos da Roma abordou “coisas que considera ser muito objetivas” no jogo.

A Goal-line Technology [linha tecnológica de golo] é objetiva, está dentro ou não. Não há história. O fora de jogo, a não ser que alguém consiga fazer linhas meio tortas, parte-se do pressuposto que é objetivo. Ou é fora de jogo ou não. Perdemos o jogo por um fora de jogo por um centímetro? É fora de jogo. Eu gostaria do tempo útil de jogo, porque não haveria espaço para queimar tempo ou jogar com outras coisas. Eu gostava”, argumentou José Mourinho.

O técnico salientou que em culturas como a portuguesa ou italiana, o tempo útil de jogo seria “uma coisa positiva”.

Já relativamente ao videoárbitro, a “direção tem sido, algumas vezes, duvidosa”, pelo que já existe espaço para “se gostar ou não”.

“O VAR tem andando em direções, algumas vezes, duvidosas. Aí já há um bocadinho de espaço para se gostar ou não. Perdi uma meia-final da “Champions” com um golo que não entrou. Se houvesse [VAR], a bola não tinha entrado. Também ganhei jogos com golos em fora de jogo”, observou.