Os revisores e os trabalhadores das bilheteiras da CP – Comboios de Portugal estão este domingo em greve, reivindicando aumentos salariais. Uma greve que até às 18h já causou 277 supressões de comboios, tendo-se realizado 311 ligações.
Segundo a fonte oficial da CP estavam planeados 588 comboios, o que significou que foram registadas 47% de supressões. A greve inclui os trabalhadores a sul de Pombal.
Na sequência da greve, a CP optou por encerrar as estações do Cais do Sodré e do Rossio, em Lisboa, por razões de segurança, uma vez que a greve dos revisores coincide com a noite de Santo António, avançou fonte da CP ao Observador.
Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, falou, por sua vez, à Rádio Observador, de numa adesão quase total à greve dos revisores da CP. Apontou para uma participação de 95% dos trabalhadores. Só estão em greve os trabalhadores com local de trabalho a sul de Pombal e, por isso, os comboios afetados foram os regionais de Tomar, os urbanos da área metropolitana de Lisboa, a Linha do Sado e a do Algarve.
Já anteriormente, Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), tinha declaro à Lusa que “vai ser uma greve muito forte, possivelmente não haverá quase comboios. Sabemos que é um dia de festa [de Santo António], mas [a greve] perturba menos os utentes. Aqueles que nós transportamos, sabemos que são da mesma condição social que nós e tentamos procurar não prejudicar quem vem trabalhar”.
A CP também tinha alertado para perturbações significativas no serviço devido à greve.
De acordo com o sindicalista, em causa está o facto de os trabalhadores continuarem com os ordenados congelados há mais de 10 anos. Luís Bravo lamentou que o setor ainda não tenha recebido a atualização de 0,9%, aprovada para a função pública, que classificou como “miserável”, representando entre cerca de cinco e nove euros, consoante o escalão. De acordo com o sindicato, para isso, a administração da CP “impõe” a subscrição de um novo acordo de empresa, “com piores condições de trabalho”.
“Os trabalhadores dos transportes, afetos aos comboios e às bilheteiras, que começam o seu turno às cinco, seis ou sete da manhã e que se retiram depois da meia noite, têm que se deslocar em viaturas próprias e, com o aumento dos combustíveis, neste momento, cerca de 20% do seu salário já vai só para se fazerem deslocar para o trabalho”, apontou.
A isto somam-se os turnos de trabalho e as folgas rotativas e um “aumento brutal do custo de vida”, fatores que têm levado até os trabalhadores mais novos a pedir rescisão da empresa.
Por outro lado, os concursos de adesão de novos colaboradores têm ficado vagos, porque “não há ninguém que se candidate com estes salários e em laboração contínua”, neste sentido, conforme apontou, existem comboios esgotados, que estão a ser suprimidos por falta de trabalhadores, lamentou, defendendo que a administração da CP e a tutela parecem estar “confortáveis” com esta situação.
“É um dia que gostaríamos que tivesse impacto e que houvesse reação do Governo e da administração da CP, mas possivelmente foram todos de férias prolongadas”, concluiu.
Para o dia 23 de junho está também agendada uma greve de 24 horas para os trabalhadores ferroviários operacionais.
A CP já alertou que a circulação de comboios da empresa deverá ter perturbações “significativas nos dias 12, 13 e 16 de junho devido a greve.
A CP refere que aos clientes que já tenham adquirido bilhete para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Interregional e Regional, será permitido o reembolso no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos.
Desde o início do mês tem estado a decorrer uma greve dos trabalhadores da CP ao trabalho extraordinário e aos feriados, que se prolonga até ao final do mês, mas não provocou supressões, indicou à Lusa, em 3 de junho, fonte oficial da empresa.
Em 16 de maio, a CP anunciou que chegou a um acordo com 12 sindicatos, para revisão do Acordo de Empresa, ficando de fora três estruturas sindicais.
Do acordo alcançado resultou o aumento salarial de 0,9%, com efeitos retroativos a 01 de janeiro de 2022, a uniformização do subsídio de refeição para 7,74 euros e a integração dos trabalhadores da ex-EMEF na tabela salarial da CP, com efeitos retroativos a 1 de janeiro.
(notícia atualizada às 20h30 com mais informações)