O Irão disse esta segunda-feira que as medidas adotadas para reverter os compromissos assumidos no âmbito do acordo nuclear de 2015 são tecnicamente reversíveis, caso seja finalizado um novo pacto em Viena.
“Se um acordo for finalizado em Viena, todas as medidas tomadas pelo Irão são tecnicamente reversíveis”, afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Externas do Irão Saïd Khatibzadeh.
As negociações, iniciadas há mais de um ano, em Viena, tendo em vista trazer os Estados Unidos de volta ao acordo nuclear de 2015 estão paradas desde março.
Em 2018, Washington decidiu retirar-se, unilateralmente, deste pacto, sob a Presidência de Donald Trump, voltando a impor sanções ao Irão, que, em consequência, cancelou, gradualmente, os compromissos que tinha assumido nesta matéria. O atual Presidente dos EUA, Joe Biden, disse que está pronto a regressar ao acordo na condição de o Irão renovar os seus compromissos.
No âmbito do acordo nuclear de 2015, o Irão sofreu um alívio das sanções a que estava sujeito em troca da garantia de que não iria produzir uma arma nuclear. Saïd Khatibzadeh acredita que o diálogo em Viena poderá produzir resultados, caso os EUA deixem de “usar as negociações como uma alavanca” e concordarem “respeitar plenamente” os seus compromissos.
“Infelizmente, os Estados Unidos estão a prolongar as negociações e querem resolver algumas questões bilaterais através das negociações em Viena, o que é impossível”, sublinhou.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) pediu, no domingo, ao Irão para retomar “imediatamente” o diálogo para evitar uma grande crise que tornaria “extremamente mais complicado” salvar o acordo nuclear iraniano.
Teerão anunciou esta semana a decisão de retirar 27 câmaras que permitiam que inspetores internacionais monitorizassem as suas atividades nucleares, em resposta a uma resolução dos países ocidentais que denuncia a sua falta de cooperação com a agência da ONU.
“Enquanto falo convosco, é isso, essas câmaras foram removidas”, “juntamente com outros sistemas de vigilância ‘online’ que tínhamos”, disse, na altura, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, numa entrevista transmitida pela estação de televisão norte-americana CNN.