O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta quinta-feira que os grupos rebeldes que têm aterrorizado Cabo Delgado estão enfraquecidos e em debandada, justificando as incursões dos insurgentes em pontos novos do sul da província.

“Por causa do facto de estarmos a bater duro no inimigo ele está em debandada. Está a tentar estruturar-se em pequenos grupos e estes grupos tem a tendência de descer [para o sul]”, declarou Filipe Nyusi, falando durante uma visita às posições militares estacionadas em Ancuabe, um dos distritos que registou novos ataques nas últimas semanas.

Segundo o chefe de Estado moçambicano, os rebeldes que aterrorizam a província desde 2017 estão a fugir para o sul de Cabo Delgado procurando alimentos, devido às operações militares que estão a ser desenvolvidas pelas forças moçambicanas, apoiadas pela Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e pelo Ruanda.

“O que [os rebeldes] querem agora é mostrar ao mundo que existem e também estão à procura de comida”, declarou Filipe Nyusi, acrescentando que os insurgentes estão a morrer à fome. “Nós vamos perseguir estes pequenos grupos”, frisou o Presidente moçambicano.

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Testemunhos relatados à Lusa na última semana indicam, pelo menos, oito mortes desde dia 05 de junho, no distrito de Ancuabe, incluindo de líderes comunitários, algumas por decapitação, numa altura em que os residentes se queixam de ainda haver vários desaparecidos.

Num dos ataques foram abatidos seguranças de uma mina de grafite, utilizada a nível global nas novas baterias de automóveis elétricos, enquanto outra empresa mineira do mesmo material suspendeu as operações logísticas pela principal estrada da província.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.