Dois golos logo nos três minutos iniciais, vários erros individuais que não são habituais neste tipo de jogos, uma vantagem de dois golos para a segunda parte, o empate com pouco mais de um minuto para jogar no tempo regulamentar em 5×4, mais oportunidades que podiam ter desfeito a igualdade ainda antes de se chegar ao prolongamento, um único golo a decidir tudo no tempo extra apesar das várias hipóteses de perigo junto de ambas as balizas. O dérbi que abriu a final da Liga de futsal foi o mais equilibrado entre os cinco que já se jogaram na presente época, com esse condão de, à semelhança do que acontecera na final da Taça de Portugal, o Benfica parecer ter mesmo a decisão na mão antes da vitória do Sporting.

“Sabemos que, para sermos campeões, temos de ganhar os jogos na Luz e um em Alvalade. Vamos olhar para este jogo 2 para já e vencer. Nesta altura é muito difícil mudar muitas coisas. Podemos ajustar alguns detalhes. É certo que não podemos contar com o Jacaré [n.d.r. castigado após ser expulso por acumulação de amarelos no jogo 1] e isso pode obrigar a ajustar a equipa que vai a jogo, devido aos estrangeiros e aos jogadores formados localmente. Para além disso, a nível tático, é difícil variar muitas coisas de um jogo para o outro. Os adeptos têm correspondido sempre que precisamos e tenho a certeza que, no próximo jogo, os adeptos vão empurrar-nos para a vitória”, vaticinara Pulpis, técnico espanhol dos encarnados que faz a temporada de estreia e que chegou de novo à Final Four da Liga dos Campeões.

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“Este dérbi terá as dificuldades do costume, agregadas a uma época desgastante com muitos jogos já em cima. Apesar disso, tanto nós como o Benfica preparámo-nos para essas contrariedades e dificuldades. Vai ser um jogo duro, equilibrado como são todos e, certamente, com um resultado incerto. No jogo 1, o Benfica aproveitou muito bem os nossos erros e esse é um dos aspetos que temos de melhorar: não podemos entregar a bola em zonas proibidas, temos de saber onde podemos perder. Vamos ter de ser mais intensos na reação à perda, manter a seriedade e lutar até à exaustão”, frisara na antevisão Nuno Dias, treinador há muito dos leões que este ano já ganhou a Supertaça, a Taça da Liga e a Taça de Portugal.

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Se é verdade que, a nível global, o conjunto verde e branco chegava a mais um dérbi com clara vantagem nos anteriores (quatro vitórias e uma derrota, com a conquista de três finais), os encarnados somaram a sua única vitória no Pavilhão da Luz, ainda na fase regular. À semelhança de outras modalidades como o hóquei em patins, que também joga nesta fase a final neste caso entre FC Porto e Benfica, o fator casa tinha assumido especial preponderância esta época mas acabou por “cair” no jogo 2 após prolongamento.

Ao contrário do que se tinha passado no jogo 1, a partida começou numa toada, com uma única chance de golo de Estéban nos minutos iniciais e um dado relevante para aquilo que era a estratégia dos encarnados com a lesão de Nilson. No entanto, pouco depois do quinto minuto, os leões averbaram a terceira falta, o que foi condicionando a abordagem ao jogo com e sem bola e permitiu que o Benfica fosse crescendo até ao golo inaugural de Arthur, num remate rasteiro onde Guitta pareceu mal batido (7′). O brasileiro não iria demorar a corrigir esse lance, com três paradas seguidas no mesmo lance depois de Bruno Cintra ter surgido em situação de 1×0 em mais um erro defensivo na saída da formação verde e branca (8′).

A entrada Zicky Té em campo conseguiu mexer com o dérbi, com o jovem pivô a desperdiçar um lance flagrante com um remate ao poste sozinho à entrada da área (9′). As duas balizas começavam a ter mais bolas de golos de ambos os conjuntos antes do momento André Sousa com quatro defesas fantásticas em poucos segundos a tentativas de Pany Varela, Pauleta, Erick e de novo Pauleta (15′). O internacional tinha uma noite de inspiração, o Benfica contava também com alguma fortuna à mistura que lhe rendeu o 2-0, numa jogada em que Guitta defendeu o remate de Arthur, o ressalto bateu em Pauleta que não conseguiu travar a tempo e Tayebi só teve de encostar (16′), antes de falhar depois o mais difícil por Afonso que surgiu isolado no poste contrário após uma saída rápida de Chishkala mas acertou na trave (17′).

O Sporting voltava a sair a perder por dois golos ao intervalo, o Sporting voltou a entrar mais forte depois no segundo tempo. Contudo, as semelhanças com o jogo 1 da final ficaram mesmo por aí no arranque: antes de uma fase de mais paragens por faltas, protestos e assistências, André Sousa voltou a estar gigante na baliza da casa, travando vários remates nos minutos iniciais que podiam ter reduzido a desvantagem. O golo iria chegar apenas a meio da segunda parte e em versão tripla em menos de dois minutos: Tomás Paçó fez o 2-1 após canto de Pany Varela (29′), Pany Varela empatou após um passe errado de Henmi em zona proibida (30′) e Pauleta fez a reviravolta depois de um grande trabalho de Zicky (31′).

Pulpis foi obrigado a parar o encontro perante uma entrada adormecida dos encarnados que acabou por ter depois o pior despertador e as características do dérbi mudaram, com o Sporting a encontrar uma outra zona de conforto para tentar gerir a partida e o Benfica a ser forçado a arriscar um pouco mais em busca do empate sem conceder depois transições sobretudo aos alas verde e brancos. Foi essa pressão que levou a formação da casa ao empate, num desvio infeliz de Erick para a própria baliza depois de quatro grandes intervenções de Guitta nos minutos anteriores (36′), e a mais um prolongamento nesta final que começou com uma bola ao poste de Rocha (41′), teve um remate sozinho por cima de Pauleta (44′), pouco depois o bis do esquerdino dos leões após nova assistência de Zicky (45′), uma grande defesa de André Sousa com Cavinato sozinho na área (45′) e o 4-3 a manter-se até ao final apesar do 5×4 com Chishkala como guarda-redes avançado entre duas defesas fantásticas de Guitta que seguraram o triunfo leonino.