Era considerada uma “última decisão” mas mereceu análises distintas após o apito final. Como uma larga maioria (ou quase todos os intervenientes) antevia, os três pareceres votados a propósito da contabilidade dos títulos nacionais entre 1922 e 1938 ficaram longe da maioria necessária para a sua homologação e a quarta via, que mais não era do que manter tudo como se encontra atualmente, reuniu mais de metade (33) dos 62 votos contabilizados entre os 84 delegados com assento na Assembleia Geral da FPF. No entanto, e se para uns é um assunto arrumado, para outros trata-se ainda de “um tema que está vivo”.
“Uma derrota do Sporting? Não porque no fundo o que há aqui é uma não decisão. O tema mantém-se vivo e nós vamos continuar a mantê-lo vivo também. A nossa proposta, embora tenha sido o segundo parecer mais votado, não foi acolhida. O que ficou como ideia geral é que o conjunto de delegados, embora interessados pelo tema, entenderam que repõem a pergunta aos órgãos de decisão porque se calhar não são eles que têm de tomar esta decisão pela complexidade que a questão encerra”, comentou após a reunião magna Miguel Nogueira Leite, vogal da Direção leonina com a área jurídica que foi também um dos delegados verde e brancos presentes no encontro desta quarta-feira a par de Francisco Salgado Zenha.
“Agora teremos de analisar o resultado desta Assembleia Geral que teve, apesar de tudo, uma não subscrição que é expressiva. Temos de olhar e ver os mecanismos que temos ao nosso dispor. Em função disso, veremos a melhor solução referente ao tema. Como referi, no seu conjunto, havia ali uma ideia na Assembleia Geral que os delegados não teriam condições para decidir. A questão tem pernas para andar. Não houve um parecer que tenha sido votado em detrimento de outro, não há uma solução que foi adotada. É uma não subscrição e o tema mantém-se automaticamente vivo”, acrescentou o dirigente.
Mais tarde, e através de um comunicado oficial, o Sporting fez um prolongamento dessas mesmas ideias, colocando nas mãos da Federação uma decisão sobre o tema. “A votação demonstra, de forma clara, que a maioria considera que cabe à Direção da Federação Portuguesa de Futebol a tomada desta importante decisão sobre o futebol português. O Sporting felicita este desfecho por considerar que esta é uma decisão de natureza científica e jurídica, e não de natureza subjetiva, sujeita a vieses que podem interferir na objetividade da mesma”, começou por indicar o texto publicado no site oficial do clube.
“O Sporting entende que, competindo a decisão à Federação e imperando a objetividade, a única deliberação possível é o reconhecimento de que uma Liga Experimental é, como o próprio nome o indica, “experimental” – conforme corroborado pela própria Federação Portuguesa de Futebol no livro comemorativo dos 75 anos da FPF – devendo ser atribuídos ao Sporting 23 títulos de campeão nacional. Por este motivo, o Sporting reitera que irá continuar a lutar e a enveredar os seus esforços para o que o futebol português consiga, finalmente, ultrapassar o desconhecimento histórico e repor a verdade sobre a atribuição dos 23 títulos de campeão nacional do nosso clube”, completou o mesmo comunicado.
No entanto, e para José Luís Arnaut, presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPF, a votação realizada esta quarta-feira colocou de forma expressiva uma pedra sobre a questão. “Obviamente que este assunto ficou esclarecido e viu-se qual é a posição da Assembleia Geral. Não sei se voltará a ser discutido daqui a alguns anos. Presumo que dentro do meu mandato não será seguramente. A Assembleia entendeu, de forma clara e inequívoca, que se devia manter a catalogação dos títulos, sem haver qualquer alteração e qualquer mudança relativamente a quem tem o quê e desde quando”, começou por referir.
“Entendemos por bem pedir pareceres a um conjunto de professores da faculdade de Lisboa, Porto e Coimbra. O Sporting também entendeu por bem entregar um parecer jurídico relativamente àquela que era a sua interpretação. Foram apresentados os pareceres, os professores vieram defendê-los e foi uma discussão muito profícua, todos ficámos esclarecidos sobre as interpretações académicas relativamente às origens e consequências dos nomes”, explicou ainda Arnaut após o final da reunião magna.