Claire Danes, Ashley Park e uma série de influencers saltaram dos ecrãs de televisão e dos seus Instagrams para se encontrarem em Lisboa um evento único. Esta terça-feira, o cenário de natureza da Fundação Gulbenkian tornou-se num verdadeiro jardim encantado para os amantes de moda com o desfile Resort 2023 da Max Mara. Primeiro reuniram-se os convidados com brilho estelar e guarda-roupa eclético e colorido, depois seguiu-se um desfile de moda inspirado na cultura portuguesa, pautado pela elegância, pintado a cores fortes e ao som de fado.
Os largos degraus em pedra assumiram-se como a passerelle que as modelos percorreram com a coleção “Vai lenço feliz” e nos bancos espalhados pelo espaço relvado acomodou-se um sofisticado leque de convidados nacionais e internacionais. A luz laranja do sol já bem para lá das 20h00 era a prova de que estávamos no verão, apesar do vento que insistia em dar vida própria aos vestidos e cabelos das convidadas. E os aviões que cruzavam o céu lembravam-nos que estamos numa concorrida capital europeia.
Neste oásis no centro da cidade, a banda sonora que acompanhou o público aos seus lugares foi o som dos pássaros, contudo durante o desfile viria a dar lugar à voz de Carminho. A fadista também desfilou e não foi a única surpresa. A marca exclusiva e orgulhosamente feminina apresentou um modelo masculino que caminhou pela passerelle com um icónico casaco camel. A coleção começou em preto e tons de bege com os códigos Max Mara a brilhar em silhuetas práticas e elegantes. Depois entrou em cena um verdadeiro bailado com vários vestidos coloridos, compridos, com saias muito amplas e efeitos com pregas que encerrou o espetáculo.
Uma constelação de convidados
Tão impactante como a nova coleção foi a lista de convidados deste desfile. Personalidades internacionais como o casal de atores Claire Danes e Hugh Dancy; Ashley Park, a atriz que dá vida e voz à amiga Mindy de “Emily in Paris”; e as também atrizes Tina Leung, Mariana Ximenes, e Alessandra Mastronardi. Voaram para Lisboa várias influencers de moda internacionais como a espanhola Gala González, Tina Craig, Caro Daur, Viktoria Rader, Tamara Kalinic, Federica Pellegrini, Leonie Hanne, Tiffany Reid, Yoyo Cao, Shini Park. E ainda a designer de moda Rebecca de Ravenel e a modelo Lara Worthington.
A todos estes juntaram-se figuras destacadas nacionais como Cristina Ferreira, Diana de Cadaval, Ana Salazar, Felipe Oliveira Baptista, Eduarda Abbondanza, as atrizes Maria João Bastos, Isabela Valadeiro, Soraia Chaves, Daniela Melchior e Ana Sofia, a realizadora Ana Rocha, ou a influencer Mariana Machado. Também estiveram presentes a embaixadora dos Estados Unidos em Portugal, Randi Chamo Levine, e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, com a sua mulher.
Uma coleção recheada de inspirações
Para começar a contar a história deste evento temos de começar por uma viagem que o diretor criativo da Max Mara, Ian Griffiths, fez a Lisboa. Numa passagem pelo Museu Gulbenkian viu o retrato que o artista Nikias Skapinakis fez de Natália Correia, acompanhada pela escritora Fernanda Botelho e a pianista Maria João Pires. A obra pertence à coleção moderna da Fundação Gulbenkian, mas depois deste breve encontro já pertencia também ao universo criativo de Mr. Griffiths, que há 35 anos desenha coleções de moda na Max Mara, e assim Natália Correia, intelectual, poetisa e ativista social, tornou-se também musa da coleção Resort 2023 da marca.
O desfile arrancou com um tom clássico. Na “Antologia de Poesia Portuguesa Erótica” de Natália Correia, a Max Mara viu silhuetas curvilíneas e saias justas que foram combinadas com camisas em looks simples, onde se destacam os cortes rigorosos das peças de alfaiataria adaptadas ao armário feminino, o ADN da marca. A paleta cromática estava marcada pelo preto, mas não podiam faltar os tons de bege e, claro, o icónico casaco camel, criado pelo próprio fundador, Achille Maramotti, em 1951. Surpreendentemente coube também a um modelo masculino desfilar esta peça tão relevante para a Max Mara. Maria Giulia Prezioso Maramotti Germanetti, a atual diretora de retalho omnicanal do Max Mara Fashion Group e neta do fundador da marca, contou ao Observador que estava afastada a ideia de virem a fazer vestuário masculino num futuro próximo e, segundo a Vogue norte-americana, esta foi mesmo a primeira vez que um homem subiu a uma passerelle Max Mara.
A inspiração em Natália Correia não se ficou pela imagem. Uma pesquisa pela sua vida traz à memória a história do Bar Botequim, que esta referência feminina nacional fundou, e por onde passaram distintas figuras da cultura internacional, como Henry Miller, Graham Greene e Eugène Ionesco, e nacional, como por exemplo a diva Amália Rodrigues.
E eis que uma inspiração leva a outra e aqui aparece mais uma mulher que se junta ao leque de influências desta coleção. A Max Mara descobriu nas fotografias de palco da fadista um gosto especial pelo efeito plissado e esta inspiração traduziu-se em pormenores nas bainhas das saias ou em grande escala, nos vestidos compridos monocromáticos que foram como pinceladas de cores impactantes no desfile.
Do icónico casaco camel à musa Natália Correia. A herança e o futuro da Max Mara desfilam em Lisboa
As coleções resort da Max Mara têm sempre uma cidade como base do projeto. Lisboa em 2022 segue-se à ilha de Ischia, a localização de 2021, ao Museu Neues em Berlim, o cenário do desfile em 2019, e à Colezzione Maramotti em Reggio Emilia, a casa da marca, em 2018. Para esta coleção Resort 2023 a Max Mara mergulhou de cabeça na cultura portuguesa e não podia faltar o fado no ambiente de influências nacionais que envolveu esta coleção. A marca vê a fadista Carminho como a “sucessora natural de Amália Rodrigues” e não só a sua voz foi banda sonora do desfile, como a própria artista percorreu a passerelle para desfilar.
Os Lenços dos Namorados também exerceram a sua influência nesta coleção e podemos ver a romântica tradição minhota refletida em corações, flores e pombas em padrões ou em bordados de cristais nos casacos. A marca trabalhou também com artesãos locais na criação uma t-shirt que combina um clara inspiração nos Lenços dos Namorados com a identidade da marca.
Mais do que um encontro, uma parceria
A parceria entre a Max Mara e a Fundação Gulbenkian não se limita a este desfile. A marca vai apoiar renovações nas galerias de arte francesa do século XVIII, onde as coleções de prata terão uma atualização do seu contexto expositivo para que os visitantes possam tirar o máximo partido do rico espólio. A coleção de arte que Calouste Gulbenkian reuniu ao longo da vida é vasta e rica, e faz do museu com o seu nome um prestigiado templo a nível nacional e internacional. A coleção do referido período artístico é vasta e inclui peças como pinturas, esculturas, livros, peças em ouro e prata, mobiliário, tapeçarias, porcelanas ou relógios e, segundo a marca, esta renovação passará por “novos métodos de exposição, com destaque para os objetos e a criação de novas relações entre os objetos e a forma como são vistos pelo público”.