Paulo Lopes, professor do departamento de Física da Universidade de Aveiro, descreveu a comunidade LGBT+ como “intolerante”, “radical”, um “lixo humano”, estando “associada a pessoas profunda e mentalmente perturbadas”.

Numa publicação na sua conta pessoal do Facebook (que não está visível a todos os utilizadores), o docente insurge-se contra os cartazes publicitários do canal de televisão Fox, que fazem referência ao projeto abclgbtqia, que visa “informar o maior número possível de pessoas” sobre a comunidade LGBT+.

Naquilo que diz ser um “atentado à inteligência” e à normalidade por parte de “organizações ‘terroristas'”, Paulo Lopes assinala que “a bosta da ideologia de género” constitui “um dos grandes perigos civilizacionais que teremos de enfrentar”.

Revoltando-se por os cartazes estarem em várias estações de metro do Porto, o docente universitário sublinha que não cabe “ao metro do Porto difundir e propagandear ideologias” associadas a “uma franja minúscula radical” que contribui para a “decadência civilizacional”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Um das propostas de Paulo Lopes para terminar com esta “decadência” passa por chamar o Presidente russo, Vladimir Putin, a Portugal, de maneira a “meter todos os ‘tramposos’ nos eixos”. 

Após estas declarações, a Universidade de Aveiro emitiu um comunicado em que garante que “atuará em conformidade, com rapidez e firmeza” contra as condutas que “possam interferir” com um “ambiente de respeito e confiança”, não tolerando “discursos de ódio, de discriminação ou de incitação à violência, qualquer que seja a sua natureza, origem ou contexto”.

“A Universidade de Aveiro é hoje reconhecidamente um espaço onde se cruzam diferentes mundividências e onde se promove ativamente a cooperação, a diversidade e a tolerância e onde convivem mais de 90 diferentes nacionalidades”, lê-se no comunicado. A reitoria acrescenta “que tem absoluto respeito pelos valores da dignidade e igualdade da pessoa humana, como aliás se encontra estatutariamente estabelecido”.

Além disso, a Universidade de Aveiro exorta a que “todos os membros da comunidade académica que temam pelo incumprimento” dos princípios que regulam o comunidade universitária devam “comunicar fundamentadamente a apreensão”, utilizando para tal “os canais formais existentes”. “Todas as comunicações merecerão a devida consideração e reserva e, sendo o caso, atuação adequada”, assegura a reitoria.

A Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) também já manifestou o seu “total repúdio à conduta pessoal” do docente considerando que a mesma, ainda que exterior ao ambiente académico, “não deixa de afetar” os estudantes desta academia.

“A AAUAv não pode tolerar qualquer tipo de discurso de ódio ou de discriminação e muito menos de incitação à violência”, referem os representantes dos estudantes que dizem que têm vindo a trabalhar conjuntamente com a Reitoria, no sentido de tomar “todas as diligências possíveis e resolver de vez a situação que há muito se tem arrastado”.

Esta publicação junta-se a outras que o docente fez em 2021, onde terá feito comentários depreciativos com teor racista, homofóbico e contra as medidas decretadas pelo Governo para combater a pandemia provocada pela Covid-19

Na altura, o reitor da UA ordenou a abertura de um inquérito ao docente do departamento de física, devido à publicação nas redes sociais de mensagens com teor “discriminatório” com as quais a instituição “não pactua”.

Desagradados com esta situação, vários alunos criaram um grupo na rede social Facebook que já conta com mais de 700 membros.